Ubisoft afunda em perdas bilionárias e tenta se agarrar a Assassin’s Creed para sobreviver

A Ubisoft, uma das maiores publishers da indústria dos games, vive hoje um dos períodos mais turbulentos de sua história. O relatório fiscal de 2024-2025 revela uma realidade difícil de camuflar: queda brusca de receita, estagnação de franquias consagradas, cortes agressivos e um futuro que parece cada vez mais incerto.

Queda livre nas finanças

Os números falam por si. A receita líquida da empresa desabou 17,5% em relação ao ano anterior, fechando o exercício fiscal em 1,9 bilhão euros. É um tombo preocupante, que acendeu o alerta vermelho internamente — ainda mais após os desempenhos decepcionantes de títulos como Avatar: Frontiers of Pandora e Star Wars Outlaws, que falharam em atingir as expectativas de vendas mesmo com o peso das licenças.

O CEO Yves Guillemot já admitiu a gravidade da situação e tem agido com agressividade para tentar conter os danos. A empresa já cortou mais de 200 milhões de euros em despesas fixas e quer enxugar mais 100 milhões de euros até 2026. Isso abre caminho para novas ondas de demissões, somando-se às mais de 3 mil dispensas realizadas desde 2022.⁠⁠⁠‌⁠‌

Assassin’s Creed vira tábua de salvação

Em meio ao caos, Assassin’s Creed Shadows surgiu como uma rara boa notícia. O game se tornou o maior lançamento da Ubisoft no PlayStation e o segundo melhor da história da franquia em desempenho inicial, atrás apenas de Valhalla. Ainda que a publisher não tenha revelado números concretos de vendas, a recepção comercial foi suficiente para evitar que o balanço anual fosse ainda mais dramático.

O título protagonizado por Yasuke e Naoe chegou em março de 2024 para PS5, Xbox Series X|S, PC e Steam Deck. Mesmo com críticas mistas, especialmente entre os fãs mais tradicionais da série, a performance foi considerada positiva dentro do contexto atual da empresa. A expansão Claws in Awaji já foi anunciada para o fim de 2025, sinalizando que a Ubisoft pretende apostar alto na longevidade do jogo.

A companhia tem um plano bem desenhado para o futuro da franquia. Conforme informa a Gamevicio, o jornalista e insider Tom Henderson compartilhou um relatório sobre o futuro da franquia Assassin’s Creed, observando que a Ubisoft tem 9 jogos em andamento no momento para os próximos seis anos.

Cortes e reestruturação

Com a tesoura em mãos, a Ubisoft tem feito cortes por todos os lados. Vários estúdios foram fechados, projetos cancelados ou silenciosamente abandonados, ainda assim, alguns lançamentos foram confirmados para o novo ano fiscal, entre eles:

• Anno 117: Pax Romana

• Prince of Persia: The Sands of Time Remake

• Rainbow Six Mobile

• The Division Resurgence

A companhia também revelou que seus jogos estarão, pela primeira vez, disponíveis para compra no app do Xbox no Windows, incluindo títulos como Watch Dogs 2 e o próprio Shadows.

Franchises estagnadas, mas ainda essenciais

O relatório destaca a persistência de algumas marcas. Assassin’s Creed e Rainbow Six mantêm a impressionante marca de 30 milhões de jogadores únicos ativos por ano, algo que se repete pelo quarto ciclo fiscal consecutivo. Já Far Cry estacionou em 20 milhões, um sinal de desgaste perceptível. No total, o ecossistema de jogos da Ubisoft ultrapassou 100 milhões de jogadores únicos, o que ainda sustenta parte da relevância da marca globalmente.⁠⁠‌⁠⁠⁠

Apesar disso, a empresa sabe que não pode mais contar apenas com o prestígio do passado. A crise forçou uma mudança de foco: menos apostas arriscadas, mais investimento em jogos de mundo aberto e títulos com forte viés de serviço contínuo, como o Project Maverick, spin-off multiplayer de Far Cry.

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