
Tarifas de Trump podem disparar preço de consoles nos EUA em até 69%, aponta estudo
Tarifas de Trump podem disparar preço de consoles nos EUA em até 69%, aponta estudo
Uma nova análise da Consumer Technology Association (CTA) acendeu o alerta para o impacto direto das tarifas de importação impostas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo o relatório, publicado com base em dados da Trade Partnership Worldwide (TPW), os preços de consoles, notebooks e outros produtos de tecnologia podem sofrer aumentos expressivos nos próximos meses. Em cenários mais severos, consoles podem ficar até US$ 428 mais caros no mercado americano — uma alta de quase 70%.
Consoles: 69% mais caros
A categoria mais afetada, segundo o levantamento, seriam os consoles de videogame. Isso se deve principalmente ao fato de que cerca de 87% desses dispositivos são produzidos na China, país que está sujeito a uma tarifa combinada de até 145%. A estimativa é que o preço médio suba 69,4%, elevando o valor unitário para algo próximo de US$ 428 a mais. O impacto direto no bolso do consumidor pode resultar em uma retração de 73% nas vendas de consoles, com perda de US$ 12 bilhões no poder de compra anual.
A Microsoft elevou os preços do Xbox Series X|S em diversos mercados, e a Sony fez ajustes regionais no valor do PlayStation 5. Isso mostra que o setor está se antecipando ao cenário regulatório, e as perspectivas não são animadoras.
Notebooks, tablets e desktops também devem pesar no orçamento
Os notebooks e tablets não escapam da escalada tarifária. O estudo prevê aumentos médios de 34% para esses dispositivos, com notebooks custando até US$ 269 a mais e tablets subindo cerca de US$ 152. Isso porque 79% desses produtos ainda têm origem chinesa, e não há fábricas americanas preparadas para suprir essa demanda no curto prazo.
Já os computadores de mesa, embora menos dependentes da China, também enfrentam um cenário preocupante. Com grande parte da produção vinda do México e de outros países, as tarifas ainda podem elevar os preços em cerca de 24%. O valor médio de um desktop pode saltar para US$ 1.480, considerando um acréscimo de aproximadamente US$ 287 por unidade.
Tarifa universal e retaliações específicas: entenda o cenário
As tarifas entraram em vigor em 5 de abril, com uma alíquota universal de 10% sobre importações. Alguns países receberam taxas adicionais de até 50%, mas essas medidas foram temporariamente suspensas por 90 dias. A exceção foi a China, que continuou sujeita à carga tarifária mais agressiva.
O relatório projeta que, se essa suspensão for encerrada em julho e as tarifas mais altas forem mantidas, haverá aumentos significativos em diversos segmentos de tecnologia. A consequência direta seria uma retração do consumo interno, somada a um prejuízo de US$ 123 bilhões anuais em gastos dos consumidores e uma redução de US$ 69 bilhões no Produto Interno Bruto dos EUA.
Placas de vídeo e componentes também devem encarecer
Embora o estudo não tenha se aprofundado em componentes específicos como GPUs ou placas-mãe, o alerta está lançado. Se esses itens, atualmente isentos de tarifas específicas por país, forem incluídos nas regras da Seção 232 — que avalia a cadeia eletrônica como um todo — o impacto poderá ser brutal.
Na prática, uma placa de vídeo de US$ 500 vinda da China poderia passar a custar mais de US$ 1.200, enquanto uma placa-mãe de US$ 200 saltaria para quase US$ 500, considerando a aplicação total dos encargos. A China segue como principal montadora desses itens, o que reduz drasticamente a capacidade de substituição no curto prazo.
Taiwan pode amenizar, mas não resolver
Produtos vindos de Taiwan — outro grande polo de fabricação de GPUs e placas-mãe — também não estariam totalmente a salvo. Caso não se enquadrem nas isenções do acordo USMCA, e sejam atingidos por tarifas cumulativas (25% de tarifa mais 25% da Seção 232), o encarecimento seria de até 50%.
Mesmo com esse cenário menos dramático que o da China, o impacto seria relevante: uma GPU de US$ 500 poderia chegar a US$ 750. Taiwan talvez ganhe competitividade relativa, mas não tem capacidade produtiva suficiente para abastecer todo o mercado americano.
Mercado físico também pode sofrer
A indústria de jogos em mídia física pode ser outra vítima colateral. Em março, o analista Mat Piscatella, da Circana, alertou que os custos de importação vindos de regiões como China e México — grandes centros de fabricação de jogos em disco — poderiam inviabilizar lançamentos nesse formato. A tendência, segundo ele, é que as editoras priorizem o digital, o que pode acelerar ainda mais a transição que já está em curso.
Leave A Comment
You must be logged in to post a comment.