Por que o deputado Boulos quer a suspensão temporária do Discord no Brasil?

Por que o deputado Boulos quer a suspensão temporária do Discord no Brasil?

Se você usa o Discord para conversar com amigos, organizar grupos de estudo, trabalhar ou até acompanhar comunidades de jogos, talvez tenha ouvido a notícia que está dando o que falar: o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) pediu a suspensão temporária da plataforma no Brasil.

A proposta, encaminhada ao Ministério Público Federal (MPF), gerou reações mistas, de apoio de quem vê a medida como necessária a protestos de usuários que dependem do serviço no dia a dia. Mas, afinal, por que Boulos quer suspender o Discord, e o que isso significa para os brasileiros?

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O que motivou o pedido de Boulos?

O Discord, originalmente criado como um espaço para gamers se comunicarem, cresceu e se tornou uma plataforma versátil, usada por milhões no Brasil para tudo, de bate-papos casuais a reuniões profissionais. Mas, nos últimos meses, a ferramenta também chamou atenção por motivos preocupantes: ela tem sido usada para planejar e divulgar crimes graves, como tentativas de assassinato, exploração sexual (incluindo de menores) e até um atentado terrorista frustrado durante o show da Lady Gaga no Rio de Janeiro, em maio de 2025.

Foi esse último caso que acendeu o alerta. A Polícia Civil do Rio descobriu que um grupo usou o Discord para organizar um ataque com explosivos e coquetéis molotov, mirando a comunidade LGBTQIA+ no megaevento que reuniu mais de 2 milhões de pessoas. Outro caso chocante foi a transmissão ao vivo do assassinato de um morador de rua, também coordenada pela plataforma. Para Boulos, esses episódios mostram que o Discord virou um “QG de extremistas” e um espaço onde crimes são planejados com pouca ou nenhuma moderação.

Em uma resposta publicada no X, o deputado criticou o que chama de “terra de ninguém” digital, argumentando que a falta de regras claras e de cooperação com as autoridades brasileiras facilita a ação de criminosos. Livre de responsabilização legal, o Discord não garante um sistema eficiente de moderação e vira terra de ninguém., disse ele.

A ideia não é banir o Discord para sempre, mas suspendê-lo até que a plataforma se alinhe às leis do Brasil. A suspensão será temporária e condicionada à regularização legal: ter CNPJ, nomear representante com poderes plenos e cooperar com as autoridades.”

O que Boulos quer que o Discord faça?

Boulos pede suspensão do Discord no Brasil

O pedido de Boulos ao MPF é claro: ele quer que o Discord tome medidas concretas para operar legalmente no Brasil e combater o uso da plataforma para atividades criminosas. Entre as exigências, estão:

  • Abrir um CNPJ no Brasil: Atualmente, a empresa é sediada nos Estados Unidos e, segundo Boulos, não tem uma representação oficial no país, o que dificulta notificações e investigações.
  • Nomear um representante legal: Alguém com autoridade para responder às demandas das autoridades brasileiras, como identificar usuários envolvidos em crimes.
  • Cooperar com investigações: Isso inclui compartilhar informações com a polícia quando solicitado, algo que, segundo o deputado, não acontece de forma eficaz hoje.

Boulos compara a situação do Discord com a da rede social X (antigo Twitter), que ficou fora do ar no Brasil por dois meses em 2024 até cumprir exigências judiciais. Para ele, nenhuma plataforma está acima da lei, e a “liberdade de expressão” não pode ser usada como desculpa para proteger criminosos que exploram vulnerabilidades, especialmente de jovens e adolescentes.

Por outro lado, a assessoria do Discord rebateu, afirmando que a empresa já tem um representante legal no Brasil: o escritório de advocacia Licks Attorneys, com sedes no Rio de Janeiro e em São Paulo. Eles argumentam que isso atende às exigências legais para operar no país, o que pode complicar o pedido de suspensão.

Por que o Discord está na mira?

O foco de Boulos está naquilo que ele chama de “leniência” do Discord em relação aos conteúdos criminosos. Diferente de plataformas como YouTube ou X, que têm sistemas de moderação mais visíveis (mesmo que imperfeitos), o Discord funciona com servidores privados, onde a moderação depende principalmente dos administradores de cada grupo. Isso cria um ambiente onde conteúdos ilegais, como discurso de ódio, recrutamento para atos violentos ou compartilhamento de materiais criminosos, podem passar despercebidos.

Casos recentes reforçam a preocupação. Além do ataque planejado contra o show da Lady Gaga, Boulos citou episódios como o aliciamento de jovens para crimes, incluindo automutilação e exploração sexual. Ele também mencionou o caso de três jovens presos em abril de 2025, que usaram o Discord para planejar o assassinato de um morador de rua no Rio, com a intenção de transmitir o crime ao vivo. Para o deputado, a falta de um sistema robusto de moderação e a ausência de uma sede oficial no Brasil tornam o Discord um espaço vulnerável a esses abusos.

Como os Usuários Estão Reagindo?

Discord

A proposta de Boulos gerou um debate acalorado, especialmente nas redes sociais. De um lado, há quem apoie a suspensão, vendo-a como um passo necessário para combater o uso da plataforma em crimes graves. “Não é sobre acabar com o Discord, é sobre responsabilidade”, escreveu um usuário no X, ecoando o argumento do deputado. Por outro lado, muitos usuários, especialmente gamers, estudantes e profissionais que dependem do Discord, temem que a suspensão prejudique comunidades legítimas.

“Uso o Discord pra estudar com meus colegas de faculdade e organizar projetos. Por que a gente tem que pagar pelos crimes de uma minoria?”, questionou outro usuário. Alguns apontam que os criminosos provavelmente migrariam para outras plataformas caso o Discord fosse suspenso, o que não resolve o problema de fundo. Há também críticas à afirmação de Boulos sobre a falta de representação legal, já que o escritório Licks Attorneys foi citado como representante oficial.

O próprio Boulos respondeu a essas reações, reforçando que não quer “banir” o Discord, mas garantir que ele funcione dentro da lei. “A sensação de impunidade estimula extremistas. Tomar atitude é um dever moral e legal”, escreveu ele no X, pedindo que a plataforma adote medidas para proteger usuários e evitar tragédias.

O que pode acontecer agora?

Até o momento, o MPF não se pronunciou sobre o pedido de Boulos, e não há uma data definida para uma decisão. Se o órgão acatar a solicitação, o Discord poderia ser suspenso temporariamente, como aconteceu com o X em 2024, até que a empresa cumpra as exigências. Isso poderia incluir desde a abertura de um CNPJ até mudanças nos sistemas de moderação e maior colaboração com as autoridades.

Por outro lado, a existência de um representante legal no Brasil, como afirmado pela assessoria do Discord, pode enfraquecer o argumento de Boulos. Além disso, a comunidade de usuários, que inclui milhões de brasileiros, já está se mobilizando para defender a plataforma, o que pode pressionar o MPF a buscar alternativas, como multas ou acordos, em vez de uma suspensão total.

E você, o que acha? Acha que o Discord precisa de mais regras, ou a suspensão seria um exagero? Conta pra gente nos comentários e vamos continuar acompanhandoboulos calls for discord to be blocked in brazil after civil police reveal plans to bomb lady gaga concert

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