O que é RAM virtual nos smartphones e vale a pena usar?

O que é RAM virtual nos smartphones e vale a pena usar?

Na maioria dos casos, não vale a pena. A RAM virtual pode parecer uma solução atraente, especialmente em celulares mais baratos que têm menos RAM, mas os contras superam os prós. Embora muitos modelos contem com esse recurso na intenção de adicionar mais poder de memória para aparelhos mais em conta, na maior parte das vezes ela não é tão interessante como parece a primeira vista. 

Isso porque essa funcionalidade, chamada de RAM virtual ou algo como “RAM Boost”, não adiciona memória física ao seu celular. Na verdade, é um truque de software que usa o armazenamento interno do aparelho para tentar melhorar o desempenho. Vamos explicar tudo de forma simples e direta.

O que é RAM e por que ela é importante?

memória RAM
memória RAM

RAM, ou Memória de Acesso Aleatório, é um componente essencial em qualquer dispositivo eletrônico, incluindo seu smartphone. Ela funciona como uma espécie de “área de trabalho” temporária, onde o processador armazena dados dos aplicativos e processos que você está usando no momento. Diferente do armazenamento interno (onde ficam fotos, vídeos e apps instalados), a RAM é extremamente rápida, permitindo que o celular acesse informações quase instantaneamente.

Por exemplo, quando você abre um aplicativo, ele é carregado na RAM para que o sistema possa acessá-lo rapidamente. Quanto mais RAM seu celular tiver, mais apps e tarefas ele consegue gerenciar ao mesmo tempo sem engasgar. No entanto, nem toda a RAM disponível é usada para os aplicativos. Parte dela é reservada para funções essenciais do sistema, como o modem de celular ou a memória de vídeo. Se seu celular tem 8 GB de RAM, por exemplo, cerca de 6,5 GB ficam disponíveis para os apps.

O que é a tal da RAM virtual?

RAM virtual também pode ser chamada de RAM Plus
RAM virtual também pode ser chamada de RAM Plus

A RAM virtual é uma técnica que usa uma parte do armazenamento interno do celular (como o espaço onde ficam suas fotos e vídeos) para simular memória RAM extra. Essa ideia vem de um conceito comum em computadores, chamado de “swap” ou arquivo de troca. Basicamente, o sistema reserva um pedaço do armazenamento para guardar dados de aplicativos, como se fosse uma extensão da RAM. A promessa é que isso permite manter mais apps abertos e prontos para uso, melhorando a multitarefa e a velocidade.

Parece uma solução genial, certo? Afinal, quem não quer um celular mais rápido sem precisar comprar um modelo mais caro? Mas, na prática, as coisas não são tão simples assim.

Por que a RAM virtual pode não ser tão boa quanto parece?

RAM virtual
RAM virtual

Embora a ideia seja interessante, a RAM virtual tem limitações sérias, especialmente em smartphones. Aqui vão os principais pontos que você precisa entender:

Velocidade: armazenamento é muito mais lento que RAM

A RAM física é projetada para ser extremamente rápida, com comunicação direta com o processador. Já o armazenamento interno, mesmo em modelos com tecnologia mais avançada como UFS, é significativamente mais lento. Em celulares mais baratos, que muitas vezes usam armazenamento eMMC (ainda mais lento), a diferença é ainda maior. Quando o sistema tenta usar o armazenamento como RAM virtual, o acesso aos dados fica mais demorado, o que pode causar travamentos, apps que fecham sozinhos ou lentidão ao alternar entre aplicativos.

Desgaste do armazenamento

Aqui está o maior problema: o armazenamento interno dos celulares, especialmente o do tipo eMMC, tem uma vida útil limitada. Cada pedaço do armazenamento suporta um número finito de ciclos de leitura e escrita (geralmente entre 3.000 e 10.000). Quando você usa RAM virtual, o celular está constantemente escrevendo e lendo dados nesse espaço reservado, o que acelera o desgaste. Isso pode fazer com que o armazenamento do seu celular comece a falhar muito antes do esperado, reduzindo a vida útil do aparelho.

Android já é otimizado para gerenciar memória

O Android foi projetado para funcionar bem mesmo em dispositivos com pouca RAM. Ele tem um sistema inteligente que mantém os aplicativos mais usados na memória e “limpa” os que não estão em uso quando precisa de espaço. Por isso, a frase “RAM livre é RAM desperdiçada” faz sentido: o Android gosta de usar a RAM ao máximo para deixar seus apps favoritos prontos para abrir rapidinho. A RAM virtual, em muitos casos, só atrapalha esse processo, criando uma camada extra de complexidade que o sistema não precisa.

Impacto no desempenho

Em testes com celulares que oferecem a opção de RAM virtual, como alguns modelos da Motorola, o recurso muitas vezes piora a experiência. Aplicativos podem travar, a troca entre apps fica mais lenta e, em alguns casos, o celular parece menos responsivo. Isso acontece porque o armazenamento, mesmo sendo mais rápido que um HD tradicional, não consegue acompanhar a velocidade da RAM física.

Conclusão: menos é mais

Se você quer um celular rápido e confiável, o ideal é escolher um modelo com RAM suficiente para suas necessidades (6 GB ou 8 GB já são ótimos para a maioria das pessoas) e armazenamento de qualidade, como UFS. A RAM virtual pode até soar como uma solução mágica, mas na prática ela é como tentar correr uma maratona com sapatos emprestados: pode até funcionar por um tempo, mas não é a melhor ideia.

Se você tem um celular mais simples, com 4 GB ou 6 GB de RAM, e sente que ele está lento, existem alternativas melhores. Tente limpar aplicativos em segundo plano, desativar animações nas configurações ou até fazer uma restauração de fábrica se o sistema estiver muito carregado. Essas ações costumam melhorar o desempenho sem comprometer a durabilidade do aparelho.

Lembrando que se você tem um smartphone que oferece a opção de RAM virtual ou RAM boost, é possível desativá-la na maioria dos casos, o que é o recomendado por muitos especialistas. Você pode fazer um teste, usando ele por uma semana com a opção desativada e uma semana com a opção ativada e ver se nota a diferença. 

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