Criador de Doom dispara: se otimizassem o software, o hardware antigo ainda daria conta do recado

Criador de Doom dispara: se otimizassem o software, o hardware antigo ainda daria conta do recado

O preço dos PCs e consoles disparou nos últimos anos. Uma placa de vídeo topo de linha da NVIDIA pode custar até três vezes mais do que custava antes da pandemia. Jogos da próxima geração, como os da nova Switch 2, chegam ao mercado por até 90 dólares. Para John Carmack, lenda da programação e cocriador de Doom, essa escalada de custos poderia ser evitada. Bastaria que a indústria priorizasse algo que vem negligenciando há décadas: a otimização do software‌⁠.

O experimento mental: viver num mundo sem novas CPUs

 

Tudo começou com uma provocação publicada por Laurie Voss, pesquisadora do Google. Em uma postagem no X, ela propôs um cenário fictício: e se a humanidade simplesmente esquecesse como fabricar processadores? A partir do “Dia Zero”, todos teriam que sobreviver com os chips já existentes. Nada de novas gerações, nem upgrades. Como o mundo reagiria?

Carmack, conhecido por seu envolvimento em Quake, Doom e nas tecnologias de VR da Meta, entrou na brincadeira. Mas levou a ideia para um ponto sério: muito do que usamos hoje ainda funcionaria com chips antigos — se o software não fosse tão inchado.

O colapso que surgiria da ineficiência

distopia

Na simulação de Laurie, o primeiro impacto seria financeiro. Com a interrupção da produção, os preços de computadores, celulares e peças de reposição explodiriam. Usuários recorreriam a undervolting, sistemas de refrigeração sofisticados e práticas para prolongar a vida útil de seus equipamentos.

Em poucos anos, o mercado clandestino de CPUs estaria no mesmo patamar do tráfico de drogas. Processadores Xeon valeriam mais que ouro. Os governos priorizariam os chips restantes para áreas críticas, como energia e defesa.

Mais adiante, os smartphones começariam a falhar por fadiga nos pontos de solda. Carros antigos, livres de circuitos eletrônicos, virariam objetos de luxo. A internet, com o tempo, deixaria de funcionar para a maioria. Só os ultrarricos teriam acesso, via satélite. O resto da população dependeria de uma rede paralela que trocaria arquivos por SSDs.

Trinta anos depois do colapso, quase todo o hardware baseado em nós avançados teria falhado. Sobreviveriam apenas máquinas com chips maiores e mais robustos, como antigos iMac G3, Game Boys, Commodores e Macs SE. A sociedade tecnológica regrediria ao patamar dos anos 1970 ou 1980‌⁠.

Carmack: o problema é atual — e real

Diante dessa projeção distópica, Carmack destacou um ponto essencial. Segundo ele, boa parte das soluções digitais do mundo moderno ainda funcionaria em hardware obsoleto se os desenvolvedores realmente se preocupassem com eficiência. “Se otimizar software fosse prioridade, o hardware antigo bastaria. E num mercado com escassez computacional, os preços se ajustariam naturalmente”, afirmou o engenheiro.

Não é apenas teoria. O argumento de Carmack toca uma ferida exposta na indústria atual. O Windows 11 exige pelo menos 4 GB de RAM para rodar, quando poderia ser mais leve. Jogos AAA mal rodam a 30 fps com tudo no talo e em altas resoluções mesmo custando uma fortuna. E só entregam performance decente com truques de inteligência artificial como DLSS ou geração de quadros.

O ciclo sem fim

novo modelo lancado

Essa cultura de depender de hardware cada vez mais poderoso para mascarar a ineficiência do software alimenta um ciclo vicioso. Os usuários se veem forçados a trocar de máquina em ciclos curtos, enquanto fabricantes se beneficiam da obsolescência acelerada.

Para Carmack, a solução é clara: softwares mais enxutos, mais bem otimizados e que aproveitem melhor o poder dos chips já disponíveis. Isso permitiria uma sobrevida significativa aos equipamentos atuais — e daria algum alívio aos bolsos dos consumidores.

O problema é que ninguém parece disposto a seguir por esse caminho. E, enquanto isso, os preços continuam subindo.

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