Com medo da China dominar a IA, EUA estreitam laços com Emirados Árabes e Arábia Saudita
Com medo da China dominar a IA, EUA estreitam laços com Emirados Árabes e Arábia Saudita
Durante a visita a Abu Dabi, Donald Trump confirmou a criação de uma parceria estratégica com os Emirados Árabes Unidos para levantar o que promete ser o maior conglomerado de data centers de IA fora dos EUA. A infraestrutura será operada pela G42, gigante local que conta com o respaldo do bilionário Conselho de Inteligência Artificial e Tecnologia Avançada dos Emirados. A meta? Instalar nada menos que 5 gigawatts de poder computacional em território emiratense.
Segundo o sheik Tahnoon bin Zayed Al Nahyan, responsável pelo conselho e por um fundo trilionário voltado ao avanço tecnológico, essa colaboração vai consolidar os Emirados como polo global em pesquisa de ponta e desenvolvimento sustentável.
Arábia Saudita também entra no jogo com apoio americano
#TL2 | El presidente jeque Mohamed bin Zayed Al Nahyan recibió al presidente estadounidense, Donald Trump, a su llegada a Abu Dabi, capital de los Emiratos Árabes Unidos, en la última escala de su gira de varios días por la región del Golfo.#Internacionales pic.twitter.com/xyH0yef6rb
— Teledos (@teledos_tcs) May 15, 2025
Enquanto Trump era recepcionado com pompa em Riad, a Arábia Saudita anunciava a criação da Humain, uma empresa de investimentos focada exclusivamente em IA e financiada pelo poderoso Fundo de Investimento Público do reino. O lançamento veio com parcerias já firmadas com nomes de peso como Nvidia, AMD, Qualcomm e Amazon Web Services — sinal claro de que o país quer jogar no mesmo tabuleiro das potências tecnológicas.
Trump aproveitou o palco para revelar que novos acordos, envolvendo centenas de bilhões de dólares, estavam sendo fechados entre empresas sauditas e americanas nas áreas de tecnologia, defesa e infraestrutura. Para Washington, é uma oportunidade de garantir que o silício que move a IA moderna esteja sob influência ocidental. Para os sauditas, é uma chance de se tornarem fornecedores de infraestrutura crítica em uma das maiores disputas geopolíticas da década.
Paul Triolo, da consultoria DGA-Albright Stonebridge Group, resume a questão: “Ter acesso a essas GPUs de ponta é um trunfo estratégico. Isso coloca sauditas e emiratenses no centro da cadeia de fornecimento global”.
Chips da Nvidia são a moeda de ouro
O acordo fechado entre a Arábia Saudita e a NVIDIA prevê a entrega de cerca de 250 mil das unidades mais poderosas da empresa ao longo de cinco anos. Os chips, altamente eficientes no treinamento de modelos de IA, são considerados insubstituíveis no curto prazo. A infraestrutura planejada deve atingir 500 megawatts de capacidade.
Além disso, a Humain e a AWS anunciaram um investimento conjunto de US$ 5 bilhões em infraestrutura local. Já a AMD se comprometeu com aportes que somam US$ 10 bilhões, divididos entre projetos na Arábia Saudita e nos Estados Unidos. A Amazon também sinalizou a construção de uma zona de IA no país com valor estimado em US$ 5,3 bilhões.
Oriente Médio mira o futuro, mas com um olho em Pequim
Apesar do alinhamento recente com os Estados Unidos, tanto Arábia Saudita quanto os Emirados mantêm laços comerciais significativos com a China. Empresas chinesas fornecem infraestrutura de telecomunicações, e a Huawei ainda marca presença relevante na região. Isso coloca os dois países em uma posição delicada, navegando entre interesses ocidentais e a influência tecnológica chinesa.
Em resposta às pressões americanas, a G42 anunciou em 2024 que deixaria de usar equipamentos chineses em suas instalações. A empresa também firmou um acordo com a Microsoft para construir centros de IA no país, e se tornou uma das principais patrocinadoras do Stargate Project, da OpenAI, que planeja investir US$ 500 bilhões em solo norte-americano.
Uma nova geopolítica da computação
Como informa a Reuters, Robert Tager, da Universidade de Oxford, vê os recentes acordos como parte de uma ofensiva dos EUA para consolidar sua posição no ecossistema global de IA. “Querem garantir que não será a DeepSeek — empresa chinesa — a dominar os sistemas do futuro. A corrida contra a China é real, mas também existe o desejo de ser a base da tecnologia mundial”.
Os riscos de jogar nos dois lados
O maior temor em Washington é que esses acordos abram brechas para a China se beneficiar indiretamente da infraestrutura construída no Oriente Médio. Seja por meio de vazamento de tecnologia, seja por eventual reaproximação entre os países.
Outro risco é que, no longo prazo, aliados estratégicos se transformem em concorrentes. “Existe uma competição latente. Os aliados de hoje não podem virar os rivais de amanhã”, alerta Adamson.
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