A ascensão e queda de Medal of Honor: os 10 jogos da franquia ranqueados do pior ao melhor

A ascensão e queda de Medal of Honor: os 10 jogos da franquia ranqueados do pior ao melhor

Em 1999, um jogo alterou a forma como experimentamos conflitos históricos nas telas. Com consultoria do diretor Steven Spielberg após “O Resgate do Soldado Ryan”, o primeiro Medal of Honor trouxe abordagem cinematográfica para jogos de tiro em primeira pessoa (FPS) sem precedentes. A franquia se estabeleceu como referência, abrindo caminho para Call of Duty e Battlefield.

A trajetória da série, porém, não manteve consistência. Entre 1999 e 2012, Medal of Honor passou por picos impressionantes e quedas devastadoras, terminando em declínio que praticamente sepultou a marca. O que aconteceu com essa série pioneira? Como um nome tão forte desapareceu enquanto seus concorrentes cresciam?

Este artigo examina cada título principal da série, classificando-os do pior ao melhor. Analisamos aspectos funcionais, falhas e como cada lançamento contribuiu para o legado — ou queda — de uma das franquias mais importantes da história dos games.

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A linha do tempo de Medal of Honor: 1999-2012

Medal of Honor surgiu durante o auge do PlayStation, quando a Sony dominava o mercado. O primeiro título resultou de parceria entre Spielberg e a DreamWorks Interactive, posteriormente adquirida pela Electronic Arts.

Ao longo dos anos, a série migrou para múltiplas plataformas: Nintendo GameCube, PlayStation 2, PSP, Wii, Xbox 360, PlayStation 3 e PC. Cada lançamento tentava capturar a essência dos combates da Segunda Guerra até 2010, quando a série mudou para cenários modernos seguindo tendências do mercado.

10. Medal of Honor: Warfighter (2012) — O começo do fim

Medal of Honor: Warfighter

Lançado em 2012, Warfighter tentou capitalizar o relativo sucesso do reboot de 2010, mas falhou em quase todos os aspectos. Desenvolvido pelo estúdio Danger Close com o Frostbite 2 Engine (mesmo motor de Battlefield 3), o jogo tinha potencial técnico considerável.

Os problemas surgiram no lançamento, com bugs frequentes e falhas de desempenho que exigiram múltiplos patches. A campanha single-player, centrada em operações militares contemporâneas, apresentava narrativa confusa e missões mal estruturadas. A tentativa de criar conexão emocional com o protagonista Preacher e sua família caiu no lugar-comum, com sequências forçadas que comprometiam o ritmo.

O modo multiplayer, suposto ponto forte, sofria com problemas de balanceamento e servidores instáveis. A competição direta com Battlefield 3 e Call of Duty: Black Ops II no mesmo período selou seu destino.

O fracasso comercial e crítico levou a EA a congelar a franquia indefinidamente após este lançamento.

9. Medal of Honor: Vanguard (2007) — Oportunidade desperdiçada

Medal of Honor: Vanguard

Exclusivo para PlayStation 2 e Wii em 2007, Vanguard chegou quando estes consoles já perdiam espaço para PlayStation 3 e Xbox 360. Esta decisão de lançar em hardware defasado sinalizava baixo investimento da EA no título.

O jogo focava operações aerotransportadas da Segunda Guerra, com o jogador no papel do Sargento Frank Keegan. A premissa tinha potencial, mas a execução deixou a desejar. Os controles, especialmente na versão Wii, eram pouco responsivos.

O visual ultrapassado, mesmo para a época, somado à inteligência artificial básica, transformava combates em experiências monótonas. As sequências de paraquedismo, que deveriam destacar-se, resultavam lineares e sem impacto.

Vanguard exemplificou como a franquia perdia terreno para concorrentes que investiam em experiências mais refinadas e tecnologicamente avançadas.

8. Medal of Honor: Above and Beyond (2020) — O experimento em VR

 Medal of Honor™: Above and Beyond

Após oito anos de pausa, a franquia tentou reemergir em 2020 com nova proposta: realidade virtual. Desenvolvido pela Respawn Entertainment para Oculus Rift, Above and Beyond apostou na imersão do VR para recriar cenários de guerra.

O conceito parecia sólido: reviver a Segunda Guerra Mundial com o realismo da tecnologia VR. O jogo incluía campanha relativamente longa e alguns modos multiplayer.

Entretanto, requisitos técnicos extremamente altos limitaram o acesso. Mesmo com hardware potente, o jogo apresentava problemas de otimização e desempenho irregular. A jogabilidade, embora diferente em certos aspectos, frequentemente frustrava devido às limitações dos controles VR disponíveis.

O conteúdo documental com entrevistas de veteranos da Segunda Guerra destacou-se positivamente, mas não compensou as falhas na experiência principal.

7. Medal of Honor: Rising Sun (2003) — Ambição sem execução

Medal of Honor: Rising Sun

Lançado para PlayStation 2, Xbox e GameCube, Rising Sun foi a primeira incursão da série no teatro do Pacífico durante a Segunda Guerra. Começando com uma representação do ataque a Pearl Harbor, prometia campanha épica através das principais batalhas contra forças japonesas.

A sequência inicial em Pearl Harbor impressionou, criando altas expectativas. Infelizmente, após este começo promissor, o jogo mergulhou em problemas técnicos e de design.

A inteligência artificial dos inimigos era precária, com soldados japoneses que frequentemente ignoravam o jogador ou agiam illogicamente. Os ambientes, apesar de variados, eram lineares e repetitivos. A história do protagonista buscando seu irmão capturado tinha potencial, mas desenvolvimento superficial.

O modo cooperativo para dois jogadores foi adição bem-vinda, sem salvar a experiência geral. Rising Sun demonstra como ideias promissoras podem ser comprometidas por execução apressada.

6. Medal of Honor: Heroes (2006) — Portátil, mas limitado

Medal of Honor: Heroes

Primeiro título da série desenvolvido especificamente para PlayStation Portable (PSP), Heroes enfrentou o desafio de adaptar a experiência Medal of Honor para formato portátil sem perder elementos essenciais.

O jogo reunia protagonistas de títulos anteriores — Jimmy Patterson de Medal of Honor, John Baker de Allied Assault Breakthrough e William Holt de European Assault — em campanha que revisitava cenários importantes da Segunda Guerra.

Heroes surpreendeu ao oferecer modo multiplayer para até 8 jogadores, notável para um título PSP em 2006. Os controles, considerando as limitações do hardware, funcionavam adequadamente.

As restrições técnicas do PSP resultaram em níveis simplificados, gráficos básicos e campanha curta. Heroes cumpria seu propósito como experiência portátil, sem capturar completamente a escala pela qual a série era reconhecida.

5. Medal of Honor: Pacific Assault (2004) — A jornada pelo Pacífico

Medal of Honor: Pacific Assault

Exclusivo para PC, Pacific Assault expandiu a abordagem iniciada por Rising Sun, oferecendo versão mais refinada do teatro do Pacífico. O jogo acompanhava o soldado Tommy Conlin desde seu treinamento básico até as batalhas de Tarawa e Guadalcanal.

O sistema de esquadrão introduzido foi sua principal contribuição. O jogador comandava pequena equipe de soldados com habilidades específicas, adicionando camada tática ao gameplay tradicionalmente linear da série. O sistema médico, permitindo que companheiros curassem o jogador quando ferido, foi adição relevante.

Graficamente, o jogo representou avanço em relação aos títulos anteriores, com cenários detalhados das ilhas do Pacífico e efeitos de água impressionantes para a época. Trilha sonora e efeitos sonoros reforçavam a atmosfera imersiva.

O jogo sofria com longos tempos de carregamento e requisitos técnicos elevados, inacessíveis para muitos jogadores em 2004. Apesar disso, Pacific Assault marcou passo importante na evolução da série.

4. Medal of Honor (2010) — O reboot moderno

Medal of Honor

Após anos ambientando jogos na Segunda Guerra Mundial, a franquia finalmente migrou para cenário contemporâneo em 2010. Este reboot trouxe os jogadores para o Afeganistão moderno, colocando-os como operadores das forças especiais americanas durante os estágios iniciais da Operação Enduring Freedom.

A mudança para conflito contemporâneo dividiu opiniões mas era necessária para a franquia manter relevância frente à concorrência. O desenvolvimento foi dividido: campanha single-player pela Danger Close e multiplayer pela DICE (criadores de Battlefield).

A narrativa, baseada em operações reais conduzidas por forças especiais, apresentava tom mais sério e realista que jogos anteriores da série. A caracterização dos Tier 1 Operators, com barbas e equipamentos personalizados, estabeleceu nova identidade visual para a franquia.

O modo multiplayer, utilizando versão modificada do motor Frostbite, oferecia experiência competente, sem igualar Battlefield: Bad Company 2, lançado no mesmo ano.

Apesar de não alcançar o mesmo sucesso comercial de seus concorrentes, este reboot demonstrou que Medal of Honor ainda tinha capacidade de adaptação.

3. Medal of Honor: Underground (2000) — A resistência francesa

Medal of Honor Underground

Lançado apenas um ano após o jogo original, Underground trouxe perspectiva única ao colocar jogadores como Manon Batiste, membro da resistência francesa durante a ocupação nazista. Baseada parcialmente na figura histórica de Hélène Deschamps Adams, consultora do jogo, a protagonista ofereceu ponto de vista raramente explorado em jogos de guerra.

As missões destacavam-se pela variação e criatividade. Em vez de participar apenas de grandes batalhas, jogadores realizavam operações clandestinas: fotografavam documentos secretos, sabotavam equipamentos alemães e ajudavam a evacuar obras de arte de Paris.

O jogo manteve controles e jogabilidade do título original, adicionando novos elementos como disfarces e ênfase em stealth em certas missões. A atmosfera opressiva da França ocupada foi transmitida através dos detalhes ambientais e trilha sonora.

Underground demonstrou que a franquia podia ir além das narrativas de soldados americanos para contar histórias impactantes sobre a Segunda Guerra Mundial.

2. Medal of Honor: Allied Assault (2002) — Referência para toda uma geração

Medal of Honor: Allied Assault War Chest

Lançado para PC no início de 2002, Allied Assault não é apenas destaque da franquia Medal of Honor, mas título crucial na história dos FPS. Desenvolvido pela 2015 Inc. (cujos membros depois formariam a Infinity Ward e criariam Call of Duty), o jogo redefiniu expectativas para jogos de tiro em primeira pessoa ambientados em conflitos históricos.

A campanha seguia o tenente Mike Powell em operações cruciais da Segunda Guerra, incluindo resgate de piloto no Norte da África, a famosa missão do Dia D, culminando em infiltração em instalação nazista.

Sua versão do desembarque na Normandia superou outras representações, com nível de caos e intensidade sem equivalentes. A sequência em Omaha Beach, onde o jogador enfrentava obstáculos, metralhadoras e minas enquanto soldados caíam ao redor, é estudada até hoje como exemplo de design de níveis.

O jogo equilibrava momentos de ação intensa com seções stealth meticulosas, como a missão “Sniper’s Last Stand”. A inteligência artificial dos inimigos era avançada para a época, com soldados alemães que flanqueavam, buscavam cobertura e trabalhavam em equipe.

As expansões Spearhead e Breakthrough adicionaram novas campanhas mantendo o padrão do jogo base.

Allied Assault definiu o modelo para praticamente todos os jogos de guerra em primeira pessoa subsequentes, influenciando diretamente a criação de Call of Duty e toda uma geração de FPS históricos.

1. Medal of Honor (1999) — O jogo que mudou tudo

Medal of Honor (1999)

O jogo que iniciou tudo, lançado para PlayStation em 1999, permanece como marco definitivo da série. Criado com consultoria direta de Steven Spielberg após seu trabalho em “O Resgate do Soldado Ryan”, o primeiro Medal of Honor estabeleceu bases para todos os jogos de guerra que o seguiram.

Medal of Honor introduziu abordagem cinematográfica sem precedentes para jogos de guerra. Jogadores assumiam o papel do tenente Jimmy Patterson, agente do OSS (precursor da CIA) em missões por trás das linhas inimigas durante a Segunda Guerra Mundial.

O jogo trouxe atenção meticulosa aos detalhes históricos, armas e uniformes da época. A pesquisa histórica extensa resultou em experiência autêntica que educava enquanto entretinha. Documentários curtos desbloqueáveis sobre aspectos da guerra enriqueciam o contexto histórico.

A trilha sonora orquestral de Michael Giacchino, em sua primeira grande obra para videogames, estabeleceu novo padrão para composições em jogos. Temas como “Medal of Honor” e “The Mission” permanecem memoráveis décadas depois.

Os controles precisos e design de níveis intuitivo superaram limitações do hardware PlayStation. O equilíbrio entre seções de ação direta e momentos de infiltração estratégica criou ritmo perfeito.

O impacto cultural do primeiro Medal of Honor transcendeu vendas ou críticas. O jogo mostrou que videogames podiam abordar eventos históricos com respeito e profundidade emocional, abrindo portas para narrativas mais maduras no meio.

O legado duradouro de Medal of Honor

A série Medal of Honor perdeu protagonismo no mercado, mas seu impacto na indústria de games permanece incontestável. Foi Medal of Honor que primeiro demonstrou como jogos eletrônicos podiam retratar eventos históricos com respeito e impacto emocional, muito antes de títulos como Battlefield 1 ou Call of Duty: WWII revisitarem as guerras mundiais.

A franquia estabeleceu técnicas narrativas, design audiovisual e mecânicas que se tornaram referência no gênero. A trilha sonora orquestral, consultoria histórica e abordagem cinematográfica elevaram o meio como um todo.

Embora adormecida desde o experimento em VR de 2020, rumores sobre possível retorno circulam ocasionalmente. A pergunta persiste: existe espaço para Medal of Honor no mercado atual? Seria possível recuperar os elementos que fizeram a franquia brilhar no início dos anos 2000?

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