Queda de 71% nos lucros: Tesla “derrete” e exposição política de Elon Musk vira problema para a marca
A Tesla começou 2025 com o pé esquerdo. A montadora registrou uma forte queda de 71% no lucro líquido no primeiro trimestre do ano, encerrando o período com lucro de US$ 409 milhõe, bem abaixo dos US$ 1,39 bilhão do mesmo período de 2024. A receita também encolheu, caindo 9%, para US$ 19,3 bilhões.
Mais do que números ruins, o trimestre escancara o quanto o “arranhão” público que a figura de Elon Musk vem sofrendo tem impactado negativamente os negócios da empresa, aliado ao crescimento de concorrentes, como a BYD, em mercados-chave para a Tesla, como a China. A fabricante asiática já lidera em volume de veículos elétricos vendidos e tem ganhado atenção com tecnologias de carregamento ultrarrápido.
No acumulado do ano, as ações da Tesla já caíram 37%, e o valor de mercado atual gira em torno de US$ 750 bilhões – bem abaixo do pico atingido em 17 de dezembro de 2024 (US$ 1,54 trilhão).
Boicotes, protestos e uma imagem em crise
Desde que passou a atuar como conselheiro direto de Donald Trump no chamado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), Musk virou alvo de críticas públicas, protestos em concessionárias e até campanhas de boicote à Tesla. A atuação política, marcada por apoio a cortes de gastos e demissões em massa no setor público, tem afastado consumidores e abalado a percepção da marca.
O impacto é tão visível que até o relatório financeiro da empresa menciona o “sentimento político desfavorável” como risco direto à demanda pelos produtos da marca.
Vendas em queda, preços mais baixos e margens pressionadas
Segundo a Tesla, entre janeiro e março de 2025, foram entregues 336.681 veículos, número 13% menor em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. A receita com venda de carros caiu ainda mais: 21,5% de retração, fechando em US$ 12,9 bilhões.
A empresa não só vendeu menos, como também precisou reduzir os preços para tentar manter o interesse do público, o que corroeu as margens. O lucro operacional ajustado (Ebitda) caiu 17%, para US$ 2,81 bilhões. O margem bruta foi de 12,5%, ligeiramente acima das previsões, mas insuficiente para evitar a reação negativa do mercado.
Abandonar a política é a solução?
Nos bastidores, cresce a pressão para que Musk se afaste de seus compromissos políticos e foque novamente na Tesla. A ideia ganhou força nas últimas semanas, quando rumores sobre um possível afastamento do bilionário da cena política fizeram as ações da empresa subirem temporariamente.
Apesar de não mencionar Musk diretamente, o relatório da Tesla deixa implícito que a imagem do CEO está prejudicando o desempenho da companhia.
Energia foi o destaque positivo do balanço
Nem tudo foi negativo: o setor de armazenamento de energia foi o ponto alto do balanço. A Tesla faturou US$ 2,73 bilhões com baterias e soluções de energia, um salto de 37% na comparação anual. A venda de créditos de carbono também rendeu US$ 595 milhões, 35% a mais do que no primeiro trimestre de 2024.
Essas duas frentes evitaram que a empresa entrasse no prejuízo no trimestre, mas não são suficientes para compensar a má fase no setor automotivo.
Aposta no futuro: robotáxis e humanoides
Com as margens em queda e o mercado cada vez mais competitivo, a Tesla mira o futuro em novas apostas. A empresa prevê lançar seu robotáxi autônomo, o Cybercab, em 2026, com testes pagos começando já este ano em Austin, Texas. Além disso, Musk aposta alto no desenvolvimento dos robôs humanoides Optimus, que segundo ele terão papel central no futuro da companhia.
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