iHostage: O sequestro real que abalou a Apple Store
iHostage: O sequestro real que abalou a Apple Store
O novo thriller da Netflix, iHostage, está ganhando cada vez mais popularidade na plataforma e o motivo vai além de uma trama com suspense e mistério: ela é baseada em um caso real. O filme, que chegou na plataforma no dia 18 de abril de 2025 acabou gerando uma onda de curiosidade sobre o que realmente aconteceu naquela noite.
Por que um homem armado entrou disparando tiros e fazendo um cliente como refém na Apple Store em um dos lugares mais movimentados de Amsterdã? Entenda o que aconteceu durante o evento que misturou tensão, coragem e até debates sobre saúde mental e segurança pública.
Leia também:
Jovens mascarados saqueiam Apple Store e levam iPhones, iPads e MacBooks
7 filmes impactantes sobre atentados
Um dia comum que virou pesadelo
No dia 22 de fevereiro de 2022, por volta das 17h30, um homem de 27 anos, vestido com roupas camufladas e armado com uma pistola e uma arma automática, entrou na Apple Store em Leidseplein. Ele imediatamente tomou um cliente búlgaro de 44 anos como refém, apontando uma arma para sua cabeça, enquanto outros clientes e funcionários tentavam se esconder. Algumas pessoas no andar superior do prédio, onde a loja ocupa o térreo, também ficaram presas. O homem exigiu €200 milhões em criptomoedas e uma saída segura do local. Para aumentar a pressão, ele enviou selfies e fotos para a imprensa local, que rapidamente se espalharam pelas redes sociais, aumentando o caos.
A polícia chegou em menos de 10 minutos, mas foi recebida com pelo menos quatro disparos do suspeito. Suspeitando que ele carregava explosivos, as autoridades isolaram a área, chamaram forças especiais e evacuaram cerca de 70 pessoas do prédio, incluindo clientes escondidos em armários e outros cantos da loja. Durante quase cinco horas, a tensão dominou a praça, enquanto negociadores trabalhavam para resolver a crise.
Quem era o responsável?
O suspeito foi identificado como Abdel Rahman Akkad, um residente de Amsterdã já conhecido pelas autoridades. Segundo o jornal holandês Het Parool, Akkad tinha um histórico criminal, incluindo posse ilegal de armas e uma condenação por assediar uma ex-namorada, que resultou em 60 horas de serviço comunitário, um mês de liberdade condicional e uma ordem de restrição de três anos.
Apesar de sua preparação, já que ele carregava munição extra, bloqueadores de sinal e até 30 abraçadeiras, suas motivações nunca foram totalmente esclarecidas. Investigações apontaram dificuldades financeiras e possíveis problemas de saúde mental, mas o motivo exato do ataque permaneceu um mistério.
Um desfecho dramático e polêmico
Após horas de negociações, por volta das 22h30, Akkad pediu água. A polícia enviou uma garrafa usando um robô. Quando o refém búlgaro se aproximou da entrada da loja para pegá-la, ele aproveitou a oportunidade e correu para fora. Akkad o perseguiu, mas, em um momento de ação rápida, um veículo da unidade especial de polícia acelerou e atingiu o suspeito, que ficou inconsciente. Vídeos do momento circularam amplamente nas redes sociais, gerando um debate intenso na Holanda.
Akkad foi levado ao hospital, mas morreu no dia seguinte devido aos ferimentos. A polícia confirmou que ele não carregava explosivos reais, apesar das ameaças. O uso de um veículo para neutralizá-lo foi investigado, mas o Ministério Público holandês concluiu que o agente agiu de forma apropriada, e nenhuma acusação foi apresentada. O refém búlgaro, que pediu anonimato, foi celebrado como herói por sua coragem, assim como outros quatro envolvidos, que receberam uma medalha de bravura da prefeitura de Amsterdã.
Como iHostage retrata essa história?
Bobby Boermans, que mora perto da Apple Store e passou pelo local logo após o incidente, ficou marcado pela calma surreal que veio após o caos. “Os únicos sinais eram os buracos de bala no vidro. Isso ficou na minha cabeça: o que aconteceu durante aquelas cinco horas aterrorizantes?”, ele contou à TIME. Inspirado, Boermans decidiu transformar o evento em iHostage, trabalhando com o roteirista Simon de Waal, que, por ser detetive em Amsterdã, teve acesso a informações detalhadas do caso.
O filme segue de perto a linha do tempo real, mas com algumas liberdades criativas. Para proteger a privacidade dos envolvidos, os nomes foram alterados, e o foco recai em cinco personagens fictícios, cada um representando uma perspectiva única: o refém, o atirador, os funcionários escondidos e os policiais. “Condensamos o tempo, como em qualquer filme, mas a maioria dos eventos mostrados aconteceu de fato. Mudamos os diálogos e criamos nomes fictícios para não identificar ninguém”, explicou Boermans. A produção também recriou a Apple Store em um estúdio, usando telas LED para simular o ambiente externo de Leidseplein, já que filmar na loja real não era possível.
Mais do que um thriller
Além de ser um suspense de tirar o fôlego, iHostage busca provocar reflexões mais profundas. Boermans destacou a importância de discutir a saúde mental e as falhas nos sistemas de apoio público. “Muitas pessoas comuns caem nas rachaduras do sistema, seja por dificuldades financeiras ou problemas de saúde mental. É trágico que alguém chegue a ações tão extremas. Espero que o filme abra um diálogo sobre como melhorar nossos sistemas de saúde pública”, disse o diretor.
O filme também celebra a resiliência humana. Histórias como a de Alex Manuputty, um funcionário real da loja (representado como Mingus no filme), que ajudou a manter clientes escondidos seguros e colaborou com a polícia, mostram o poder da solidariedade em momentos de crise. “Quero que o público sinta a intensidade, mas também o coração da história. Cada um vai decidir por quem torcer e como interpretar a violência mostrada”, acrescentou Boermans.
E você, já assistiu iHostage? O que achou da forma como a história foi contada? Conta pra gente nos comentários
Leave A Comment
You must be logged in to post a comment.