Há 20 anos, o primeiro vídeo do YouTube era publicado, e Ronaldinho Gaúcho logo se tornaria o primeiro viral da plataforma; relembre

Em 23 de abril de 2005, um simples vídeo chamado Me at the zoo inaugurava uma revolução. O take de 19 segundos é simplesmente o primeiro vídeo postado no Youtube. Nas imagens podemos ver Jawed Karim, um dos cofundadores do YouTube, sendo filmado por seu amigo Karim, Yakov Lapitsky, em frente ao recinto de elefantes do zoológico de San Diego, comentando algo trivial: “os elefantes têm trombas muito, muito, muito longas”. 

Nada demais, certo? Mas aquele vídeo de 18 segundos foi o ponto de partida para uma transformação global na forma como consumimos conteúdo. Foi o primeiro vídeo postado na plataforma que, ao longo dos anos, se transformou numa espécie de nova compreensão sobre TV aberta, e que é amplamente utilizada por brasileiros.

O Brasil é o terceiro maior mercado do YouTube no mundo, com aproximadamente 144 milhões de usuários, ficando atrás apenas da Índia e dos Estados Unidos, segundo dados da Statista.

O que motivou a criação do Youtube?

A ideia do YouTube surgiu da dificuldade em encontrar certos vídeos online no início dos anos 2000. Jawed Karim revelou em entrevistas que a inspiração inicial veio de dois acontecimentos de 2004: o infame incidente do Super Bowl XXXVIII (quando a cantora Janet Jackson ficou com um seio à mostra devido a um problema com sua roupa) e os vídeos amadores do tsunami no Oceano Índico em dezembro daquele ano​.

Karim notou como era complicado achar na internet clipes desses eventos que haviam atraído enorme atenção pública. Essa frustração levou-o a propor aos colegas Chad Hurley e Steve Chen a criação de um site de compartilhamento de vídeos, onde usuários pudessem publicar e assistir facilmente a vídeos de momentos marcantes ou de qualquer outro tipo. “Achei que era uma boa ideia”, comentou Karim em 2006.

Entretanto, antes de encontrar o formato adequado, os fundadores tiveram outras ideias: a princípio, o YouTube seria um site de encontros (dating) por vídeo. Steve Chen comentou anos depois que, ao pensar em uma aplicação prática para um serviço de vídeos on-line, “achamos que namoro seria a escolha óbvia”.

A proposta era que usuários solteiros gravassem vídeos pessoais descrevendo seu par ideal, numa espécie de “Hot or Not” (site popular na época) em formato de vídeo. Os fundadores chegaram a batizar esse projeto inicial de “Tune In, Hook Up” (“Sintonize e Fique” em tradução livre) e criaram até um slogan com esse nome. Mas a ideia não foi pra frente.

A primeira publicação da história do YouTube e o primeiro viral

Na época, a plataforma ainda era um projeto experimental entre três ex-funcionários do PayPal: Jawed Karim, Steve Chen e Chad Hurley. O domínio foi registrado em 15 de fevereiro de 2005, mas só em abril o site começou a ser usado internamente. A versão beta pública chegaria pouco depois, e o lançamento oficial ocorreu em dezembro do mesmo ano.

Hoje, esse vídeo ultrapassa os 355 milhões de visualizações e acumula mais de 5 milhões de curtidas. A conta de Karim, que nunca postou mais nada, tem mais de 5,3 milhões de inscritos.

O primeiro viral da plataforma veio no mesmo ano. Em novembro de 2005, um comercial viral da Nike com o jogador Ronaldinho Gaúcho se tornou o primeiro vídeo do site a atingir 1 milhão de visualizações.

De site amador à potência global de vídeos

Logo após seu lançamento, o YouTube caiu no gosto dos usuários pela proposta simples: qualquer pessoa podia subir seus vídeos e compartilhá-los com o mundo. A ideia era poderosa, e a adoção foi rápida. Em outubro de 2006, o Google percebeu o potencial e comprou o serviço por US$ 1,65 bilhão. O resto é história.

Hoje, mais de 500 horas de conteúdo são enviadas para a plataforma a cada minuto. O site acumula mais de 2,7 bilhões de usuários mensais e é o segundo site mais visitado do mundo, atrás apenas do Google.

Como o YouTube mudou o mundo

Nestes 20 anos, o YouTube foi além de uma plataforma de vídeos. Ele criou carreiras, lançou tendências, democratizou o acesso ao conhecimento e virou palco para o surgimento de uma nova geração de criadores, nomeados como youtubers. Hoje, eles rivalizam (e muitas vezes superam) estrelas de cinema e TV em influência e alcance. Alguns até migram da internet, dos seus canais no Youtube e perfis no Instagram/Tik Tok para mídias mais tradicionais, como a TV e o rádio.

Se o primeiro vídeo era uma simples filmagem em um zoológico, hoje o YouTube segue abrigando conteúdos altamente espontâneos, mas também é referência para produções mais caprichadas em termos técnicos, aproximando da dinâmica que os canais de TV moldaram.

O YouTube também se reinventou para as telas grandes. O consumo por smart TVs cresceu mais de 130% nos últimos três anos, com mais de 1 bilhão de horas assistidas por dia nesse formato.

Segundo o CEO Neal Mohan, o objetivo é expandir a experiência de consumo para toda a casa — com conteúdos sob demanda, transmissões ao vivo e inteligência artificial ajudando a personalizar o que cada usuário assiste.