Concorrente canadense da Starlink pressiona governo e pede fim de subsídios para empresa de Elon Musk; entenda o embate
A relação entre Elon Musk e o governo canadense azedou de vez. Depois do fim dos subsídios para a Tesla em Quebec e Ontário, agora é a vez da Starlink enfrentar resistência. O novo capítulo da disputa envolve a Bell Canada, maior operadora de telecomunicações do país, que está pressionando o governo para cortar o acesso da Starlink a fundos públicos voltados para conectar áreas remotas.
Bell quer barrar subsídios para a Starlink
A Bell apresentou uma solicitação formal ao CRTC (Comissão Canadense de Rádio, Televisão e Telecomunicações). O pedido é claro: a Starlink não deve receber nenhum tipo de incentivo financeiro. O argumento? A empresa de Musk cobra o mesmo valor por seus serviços em todo o Canadá, independentemente de onde o usuário esteja – seja em uma grande cidade ou em uma vila isolada no extremo norte.
Para a Bell, isso fere a lógica dos subsídios, que foram criados justamente para compensar os altos custos de levar conectividade a regiões distantes como Yukon, Nunavut e os Territórios do Noroeste. Como a Starlink não constrói infraestrutura terrestre e não tem custos adicionais nessas áreas, a operadora afirma que permitir acesso a esses fundos seria “injusto e anticompetitivo”.
Além disso, a Bell ressalta que isso significaria tirar dinheiro arrecadado nas regiões mais povoadas do sul para beneficiar uma empresa estrangeira que não investe localmente da mesma forma.
Starlink rebate: “Somos a única opção em muitos lugares”
A SpaceX, empresa responsável pela Starlink, rebateu rapidamente. Segundo o argumento da companhia, em muitas das áreas mais remotas do Canadá não existe nenhuma outra opção de internet – apenas o serviço via satélite da Starlink.
Impedir o acesso aos subsídios, dizem, prejudicaria comunidades indígenas e pequenos vilarejos totalmente desconectados da infraestrutura tradicional. O valor do subsídio seria de cerca de 25 dólares canadenses por usuário ao mês, somando 300 dólares ao ano por cliente.
Se a Starlink conquistar 25% do mercado do norte canadense, a empresa poderia receber cerca de 3,15 milhões de dólares por ano em incentivos, ou até 15 milhões em cinco anos. Um valor pequeno para o tamanho da SpaceX, mas importante para viabilizar a expansão da rede nessas áreas remotas.
Assim como no Canadá, a Starlink também é alvo de críticas de concorrentes
No Brasil, a Starlink, que detém 60% de participação no mercado, também está sendo criticada por concorrentes. A Viasat criticou a aprovação da Anatel para que a empresa de Musk opere com 7.500 satélites adicionais no país. Segundo a companhia, a expansão da constelação pode criar um ambiente de concentração de mercado, já que os satélites de baixa órbita operam em uma faixa limitada do espectro. A Viasat diz que a Starlink pode ocupar até 68% do espectro viável para comunicações via satélite, incluindo serviços voltados para celulares — o que dificultaria a concorrência justa.
Tesla e Starlink perdem espaço no Canadá
Nos últimos meses, o Canadá tem se afastado das empresas de Musk. Primeiro, foram os subsídios a carros elétricos que deixaram de beneficiar a Tesla. Depois, acordos milionários foram desfeitos. Agora, a Starlink corre o risco de ficar de fora do financiamento para conectividade rural.
Esse conjunto de medidas pode prejudicar seriamente a expansão da Starlink no país – e também sinaliza um alerta para outros governos. O modelo de negócios de Musk sempre dependeu de apoio institucional para ganhar escala. Se países como o Canadá começarem a fechar as portas, o efeito dominó pode atingir outros mercados internacionais.
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