Como a IA está mudando a criação artística: meu experimento com um teaser de filme de terror

Nos últimos meses, temos visto a inteligência artificial generativa invadir todos os campos criativos — da música à ilustração, da escrita ao cinema. Mais do que essa busca incessante por sempre buscar algo realista, que tente imitar a realidade, utilizar um bom conjunto de ferramentas de IA pode ajudar em alguma ideia, direcionar uma visão artística.

Isso, nas mãos de pessoas ligadas ao ramo criativo, permite que projetos sejam “rascunhados” de maneira mais atraente, tornando a ideia daquele projeto mais poderosa para convencer algum investidor seguir com o processo.

Ontem eu encontrei o seguinte post no X, um diretor criativo que compartilhou algumas imagens geradas na nova versão do Midjourney, a v7. Ele diz que após reassistir o longa de terror “Três Exemplos”, lançado em 2004, ele resolveu tentar criar algo na mesma vibe, com a mesma energia, usando o Midjourney. Dentre as imagens, a primeira me chamou bastante atenção.

Midjourney v7
I was rewatching “Three… Extremes”, a 2004 Asian horror anthology film, and suddenly felt inspired to create something like this.

In that anthology, my favorite short is “Box” by Takashi Miike. It’s interesting because he’s known for making extremely graphic and… pic.twitter.com/aLloja0V3v

— Dan Pradana (@mxvdxn) April 7, 2025

Fiquei com curiosidade de ver aquilo animado, adaptado para o teaser de um filme de terror. E tentei colocar isso em prática, mas com uma leve alteração no visual.

O primeiro passo foi gerar as imagens que fariam parte desse teaser. Para isso, utilizei a ferramenta gratuita Image FX, do Google. A seguinte imagem seria o centro desse conceito:

Não quis ficar muito tempo refinando e tentando encontrar o resultado mais realista possível, a ideia era apenas transpor uma ideia para algo concreto, um vídeo animado e conceitual.

Após gerar todas as imagens que achei que poderiam compor a linha narrativa do vídeo, passei para a segunda etapa. A animação das cenas. Para isso eu usei dois serviços: Runway Gen 4 e o Kling 1.6. Cada imagem foi animada com 5 a 10 segundos.

O passo seguinte foi a montagem e sonorização. Pensar em como as cenas poderiam ser encadeadas, formando o storrytelling, e adicionar as camadas de som, fundamentais para acrescentar o peso para as cenas. A montagem dos vídeos animados eu fiz no Adobe Premiere Pro e para a sonorização fui testando inúmeros efeitos encontrados nos bancos de sons do Envato.

O resultado foi o seguinte:

 

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Uma publicação compartilhada por William R. Plaza (WrP) (@plazawilliam)

O futuro é híbrido: criadores + IA

Esse experimento é só o começo. A combinação entre criatividade humana e ferramentas de IA abre um novo capítulo na forma como desenvolvemos ideias e apresentamos projetos. Em vez de esperar financiamento, tempo ou equipe, podemos agora construir protótipos visuais impactantes que têm o potencial de viralizar, emocionar, ou mesmo atrair os olhos de produtoras e estúdios.

Como pontuou o jornalista Ryan Phillips nessa matéria no Venture Beat sobre a nova versão do gerador de vídeos Runway Gen 4, talvez o aspecto mais profundo de ferramentas como essas não seja o que ela pode criar, mas o que ela sugere sobre o nosso relacionamento com a mídia visual daqui pra frente. Estamos partindo para uma era em que o gargalo na produção não é mais a habilidade técnica ou o orçamento, mas a imaginação e o propósito.