Com novas tarifas de Trump, Big Techs perdem juntas o equivalente ao PIB de alguns países

Com novas tarifas de Trump, Big Techs perdem juntas o equivalente ao PIB de alguns países

Imagine acordar um dia e descobrir que algumas das empresas mais poderosas do planeta (chamadas de Big Techs), aquelas que moldam nosso dia a dia com smartphones, redes sociais e inteligência artificial, perderam, juntas, quase R$ 4,7 trilhões em poucas horas.

Parece ficção, mas foi exatamente o que aconteceu nesta quinta-feira, 3 de abril de 2025, quando o mercado de ações dos Estados Unidos sentiu o impacto das novas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump. O golpe foi tão forte que até mesmo o apelidado “Sete Magníficos” – o grupo das sete maiores empresas de tecnologia do país – não escapou do tombo.

Leia também:

Nintendo em apuros? Tarifas de Trump podem encarecer o Switch 2 nos EUA
Zuckerberg aposta em Trump para proteger a Meta das garras da União Europeia

Apple, Amazon, Meta, Tesla, Google, Nvidia e Microsoft sentiram o baque

Big Techs

Tudo começou com o anúncio de Trump de uma política agressiva de tarifas sobre produtos importados, uma medida que ele defende como forma de equilibrar a balança comercial americana. A ideia, segundo o governo, é simples: taxar bens que entram nos EUA para incentivar a produção local e reduzir o déficit com outros países.

Na prática, porém, o efeito foi um terremoto financeiro. O índice que reúne as Big Techs caiu mais de 5% em um único dia, e as perdas das sete maiores empresas do setor somaram impressionantes US$ 840 bilhões, um valor que, para se ter ideia, supera o PIB de muitos países.

A Apple, por exemplo, foi a mais atingida, vendo seu valor de mercado despencar em US$ 273 bilhões. Isso não é surpresa: a empresa depende fortemente da China e de outros países asiáticos para fabricar iPhones, iPads e Macs. Com as novas tarifas, os custos de produção podem subir, e o mercado reagiu com uma queda de mais de 8% nas ações da companhia, a maior desde 2020.

A Amazon também sentiu o baque, perdendo US$ 147 bilhões depois que Trump assinou uma ordem executiva eliminando uma brecha que permitia importações abaixo de US$ 800 sem impostos. A medida, que entra em vigor em maio, é um golpe direto no modelo de negócios da gigante do e-commerce.

A Nvidia, queridinha do boom da inteligência artificial, perdeu US$ 180 bilhões com tarifas que atingem semicondutores, um setor essencial para suas GPUs. A Meta, dona do Facebook e Instagram, caiu US$ 90 bilhões, enquanto Tesla e Google perderam, respectivamente, US$ 45 bilhões e US$ 59 bilhões. Até a Microsoft, que parecia mais resiliente, viu US$ 45 bilhões evaporarem, em parte por causa de notícias sobre o cancelamento de projetos de data centers ao redor do mundo.

Por trás das tarifas que custara as Big Techs: um cálculo polêmico

Mas como essas tarifas foram definidas? O governo Trump adotou uma fórmula baseada no déficit comercial dos EUA com cada país. Pegue a China, por exemplo: os EUA têm um déficit de US$ 295 bilhões e importam US$ 440 bilhões em bens. Divida o déficit pelas importações, depois divida por dois, e voilà: uma tarifa de 34%. Para outros países, como o Brasil, a taxação começa em 10%, mas pode ser ainda maior para nações que Trump considera “grandes infratores”.

O presidente chama isso de “taxação recíproca”, mas analistas discordam. Uma tarifa verdadeiramente recíproca espelharia o que outros países cobram dos EUA, o que não é o caso aqui. O objetivo real, dizem especialistas, é forçar uma redução no déficit comercial, mesmo que isso signifique custos mais altos para empresas e consumidores americanos.

O mercado em pânico

O analista Dan Ives, da Wedbush, não mediu palavras ao descrever a situação: “Pior do que o pior cenário possível”. Ele acredita que, se as tarifas não forem renegociadas rapidamente, os EUA podem enfrentar um “apocalipse econômico autoinfligido”. O medo é que países retaliem com suas próprias taxas, criando uma guerra comercial que ninguém quer reviver.

Enquanto isso, a Casa Branca parece minimizar o caos. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, jogou a culpa nas próprias empresas de tecnologia, citando o lançamento de um modelo de IA da chinesa DeepSeek em janeiro como o verdadeiro vilão por trás da queda do Nasdaq. “Não sou comentarista de mercado”, disse ele à Bloomberg TV, lavando as mãos.

Uma tentativa de aproximação que não deu certo

Big Techs

Curiosamente, as big techs tentaram se aproximar de Trump no início de seu mandato. Em janeiro, durante a posse, CEOs como Mark Zuckerberg (Meta), Tim Cook (Apple) e Jeff Bezos (Amazon) estavam lado a lado na St. John’s Church, em Washington. As empresas até doaram para o fundo da cerimônia. Mas, pelo visto, nem a boa vontade nem o dinheiro foram suficientes para protegê-las das políticas econômicas do presidente.

As tarifas entram em vigor neste sábado, 5 de abril, e o mercado já está de olho nas consequências. Para as gigantes da tecnologia, o desafio será enorme: realocar cadeias de produção, absorver custos ou repassá-los aos consumidores, tudo isso em um cenário de incerteza global. Para os investidores, resta a dúvida: foi só um susto ou o começo de uma crise maior? Uma coisa é certa: o impacto das decisões de Trump está longe de acabar, e as big techs, por mais poderosas que sejam, não estão imunes.

Fontes: CNBC, WSJ

Leave A Comment

You must be logged in to post a comment.

Back to Top