Caça aos easter eggs: todos os detalhes escondidos na 7ª temporada de Black Mirror

Se tem uma coisa que Black Mirror faz como ninguém, é jogar migalhas para os fãs mais atentos. A sétima temporada, que chegou recentemente na Netflix, não é só uma coleção de histórias perturbadoras sobre tecnologia, é também um verdadeiro parque de diversões para quem adora caçar easter eggs.

Esses detalhes escondidos, que conectam episódios antigos e novos, são como um quebra-cabeça do universo sombrio de Charlie Brooker. Se você adora pausar a tela para prestar mais atenção aos detalhes em algumas cenas, então vamos descobrir essas referências abaixo. Mas cuidado: tem spoilers!

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Pessoas Comuns: o começo cheio de pistas

O primeiro episódio já chega com tudo, contando a história de Amanda (Rashida Jones) e Mike (Chris O’Dowd), um casal simples que enfrenta o peso da tecnologia médica. E, como sempre, Brooker espalha pistas que vão fazer você querer voltar a cena frame por frame:

• Juniper Lodge e o eco de “San Junipero”: Quando Amanda e Mike comemoram seu aniversário de casamento, eles vão para um lugar chamado Juniper Lodge. Isso é um aceno direto ao clássico “San Junipero” (3ª temporada, episódio 4), aquele episódio que todo mundo chora só de lembrar. O nome Juniper aparece tanto na sétima temporada que parece um lembrete constante daquele paraíso digital.
• A música que não sai da cabeça: Durante o jantar no Juniper, um casal canta “Anyone Who Knows What Love Is (Will Understand)”, de Irma Thomas. Essa música é tipo o hino não oficial de Black Mirror, aparecendo desde “Quinze Milhões de Méritos” (1ª temporada) até episódios como “Natal Branco”, “Engenharia Reversa” e “A Joan é Péssima”. Aqui, ela dá um toque melancólico à história de amor do casal.
• Abelhas robóticas na escola: Amanda, que é professora, dá uma aula sobre insetos autônomos (ADIs), abelhas robóticas que polinizam flores. Isso é uma referência direta a “Odiados pela Nação” (3ª temporada, episódio 6), onde essas abelhas tecnológicas viram armas mortais. É um detalhe que mostra como o universo da série está interligado.
• Ditta, a empresa que vem aí: Na máquina de venda do hospital onde Amanda está internada, aparece o nome Ditta, uma empresa de doces que vai ser o centro do próximo episódio, “Bête Noire”. Mais tarde, Amanda “recita” um anúncio dos Honey Nugs, também da Ditta, reforçando a conexão.
• Cinema com Hotel Reverie: Enquanto dirigem, Amanda e Mike passam por um cinema exibindo Hotel Reverie, o filme fictício que dá nome ao terceiro episódio da temporada. É uma prévia do que está por vir, jogada ali de forma sutil.
• Skillane Legal, o escritório misterioso: Quando o casal se encontra com Gaynor (Tracee Ellis Ross) para discutir o tratamento de Amanda, dá pra ver ao fundo um escritório chamado Skillane Legal. Esse nome vem de “Joan Is Awful” (6ª temporada), que por sua vez referencia Victoria Skillane, a protagonista de “Urso Branco” (2ª temporada). É como se Brooker estivesse dizendo: “tá tudo conectado, pessoal”.
• I_AM_Waldo no DumDummies: Em um momento desesperador, Mike se humilha no site DumDummies para ganhar dinheiro, e um dos usuários que o provoca tem o nome “I_AM_Waldo”. Isso é uma clara referência a “Momento Waldo” (2ª temporada), aquele episódio com o urso azul que vira sensação política. Nada de “Onde Está Wally?” aqui, só política distópica.

Bête Noire: doces com sabor de passado

O segundo episódio mergulha no mundo da confeitaria high-tech da Ditta, com Maria (Siena Kelly) e Verity (Rosy McEwen). E, claro, não faltam easter eggs para adoçar a experiência:

• Barnies ou Bernies?: Um boné do namorado de Maria mostra o logo do Barnies, um fast-food que já apareceu em episódios como “Natal Branco”, “Manda Quem Pode”, “MetalHead” e “A Joan é Péssima”. Mas o episódio brinca com a ideia de que o nome pode ser Bernies, criando uma discussão que é puro Brooker trollando os fãs.
• WayHaven Travel no LinkedIn: O perfil de Verity no LinkedIn menciona que ela trabalhou na WayHaven Travel, uma referência ao hotel de “Manda Quem Pode” (3ª temporada). É um detalhe minúsculo, mas que conecta os mundos da série.
• Tuckersoft do outro lado da rua: Pela janela do escritório da Ditta, dá pra ver um prédio da Tuckersoft, a empresa de videogames que brilhou em Bandersnatch e aparece em vários outros episódios. É como se ela estivesse sempre ali, espiando.
• Leite de amêndoas Raiman: Quando Verity toma um leite de amêndoas, a marca é Raiman, que já vimos em “Engenharia Reversa” (3ª temporada) e até no chocolate quente de Robert Daly em “USS Callister” (4ª temporada). Um toque que mistura nostalgia e ironia.

Hotel Reverie: Hollywood com toques de Black Mirror

No terceiro episódio, entramos no mundo glamoroso (e meio assustador) de Hollywood, com Kimmy (Awkwafina) e Brandy (Issa Rae). E os easter eggs aqui são de cair o queixo:

• Posters cheios de segredos: Quando Kimmy se encontra com Judith (Harriet Walter), dois cartazes chamam atenção. Um é de Urso Branco, óbvio aceno ao episódio da 2ª temporada. O outro é de Haven Green, que na verdade era o codinome usado durante a produção da sétima temporada. Esse segundo cartaz ainda traz os nomes de Tony Kearns (editor de Bandersnatch) e Giselle Turner (operadora de câmera em “Bête Noire”), uma homenagem interna ao time.
• Pia’s Video Archives: Brandy pesquisa vídeos de Dorothy (Emma Corrin) em um canal chamado Pia’s Video Archives, uma referência à Pia, a trágica arquivista de “Loch Henry” (6ª temporada). Na barra lateral, há vídeos como “O que os fãs entendem errado sobre Space Fleet” (olá, “USS Callister”!) e “Demon 79: A verdadeira história assustadora de um clássico cult”, citando o episódio da 6ª temporada.
• Streamberry no comando: Um assistente menciona que “Pepe, da Streamberry” está no set, confirmando que a versão fictícia da Netflix, apresentada em “Joan é Péssima”, é a parceira do reboot de Hotel Reverie. Streamberry nunca sai de moda no universo de Black Mirror.
• Space Fleet e Tuckersoft no estúdio: Um técnico no set usa uma camiseta do Space Fleet (USS Callister), e os computadores são da Tuckersoft (Bandersnatch). É como se o estúdio fosse um museu vivo da série.
• Junipero Drive, de novo: O pacote na porta de Brandy revela que ela mora na Junipero Drive, mais uma referência ao amado “San Junipero”. Esse nome é quase uma assinatura de Brooker a essa altura.

Brinquedo: Uma quase-sequência de Bandersnatch

O quarto episódio é uma espécie de primo de Bandersnatch, trazendo de volta a Tuckersoft e Colin Ritman (Will Poulter). Por isso, algumas referências são mais parte da trama, mas ainda tem easter eggs legais:

• Tuckersoft e Bandersnatch II: A Tuckersoft está no centro da história, com direito a um pôster de Bandersnatch II. A presença de Colin Ritman não é bem um easter egg, mas reforça a conexão com o filme interativo de 2018.
• Striking Vipers II em 1994: Um detalhe mostra que a Tuckersoft estava trabalhando em Striking Vipers II em 1994, uma referência ao jogo de luta (e algo mais) de “Striking Vipers” (5ª temporada). É uma piscadela para os fãs que conhecem a vibe daquele episódio.
• Waldo no escritório: No escritório de Colin, um pôster traz o rosto do Waldo, o urso azul de “O Momento Waldo”. É uma referência sutil, mas que levanta questões sobre como esse personagem político se encaixa no tempo da série.

Eulogy: Silêncio nos easter eggs

O quinto episódio, com Paul Giamatti e Patsy Ferran, é um mergulho tão íntimo nas memórias de um casal que parece não ter espaço para easter eggs. Talvez seja porque a história se passa em lembranças geradas por fotos, um ambiente tão específico que não deixa brecha para referências. Ou quem sabe Brooker quis que a gente focasse só na emoção? De qualquer forma, é uma exceção na temporada e, pra muitos, o melhor episódio. Coincidência? Fica o debate.

USS Callister: Into Infinity: A sequência cheia de nostalgia

O último episódio é a primeira sequência oficial de Black Mirror, revisitando a tripulação do “USS Callister”. Como é uma continuação, muitos detalhes são parte da história, mas os easter eggs aparecem na reta final:

• SaitoGemu na garagem: Na garagem virtual de Bob (Jesse Plemons), entre toneladas de coisas do Space Fleet, há uma caixa da SaitoGemu, a empresa de realidade virtual de “Versão de Testes” (3ª temporada). É um detalhe quase escondido, mas que conecta mundos diferentes.
• Leite de chocolate Raiman: Bob oferece a Nanette (Cristin Milioti) um leite de chocolate da Raiman, reforçando a marca que vimos em “Bête Noire” e no primeiro “USS Callister”. É um toque de continuidade.
• Ashley O na tela: Uma das gamers que enfrenta a tripulação tem um banner com o nome Ashley O, a popstar de Miley Cyrus em “Rachel, Jack e Ashley Too” (5ª temporada). É uma homenagem divertida ao ícone fictício.
• Nida e Gaap voltam?: Os atores Anjana Vasan e Paapa Essiedu, de “Demon 79” (6ª temporada), aparecem como gamers no Infinity. Não faz sentido narrativo que sejam Nida e Gaap, mas a escalação parece uma brincadeira de Brooker para os fãs.
• Valdack’s Revenge: Na garagem de Bob, há um pôster embaçado de Valdack’s Revenge, o vilão de “USS Callister” que também apareceu no quarto de Stefan em Bandersnatch. É um easter egg dentro do próprio universo do episódio.
• St. Juniper, claro: Quando a Nanette real está internada, o hospital é o St. Juniper – sim, mais uma referência a “San Junipero”. Esse nome é praticamente o mascote da temporada.
• Notícias recheadas de pistas: No final, uma notícia sobre a prisão de Walton (Jimmi Simpson) traz uma barra de texto com várias referências: o reboot de Hotel Reverie na Streamberry, o lançamento de Thronglets 2 (de “Brinquedo”), a saída do CEO da Rivermind (de “Pessoas Comuns”) e, o mais engraçado, “Ex-primeiro-ministro Michael Callow entra para escola de veterinária de celebridades”, uma zoeira com o personagem de “Hino Nacional” (1ª temporada). Tem também uma menção a um “talismã misterioso encontrado em destroços de avião”, que pode ser um aceno a “Demon 79”.

E aí, você encontrou mais algum que não está nesta lista? Conta aí pra gente!

Fonte: Vulture