10 jogos com grandes reviravoltas na história

10 jogos com grandes reviravoltas na história

A arte de contar histórias nos jogos evoluiu drasticamente nas últimas décadas. Os desenvolvedores já não se contentam apenas com narrativas lineares e previsíveis. Em vez disso, apostam em reviravoltas que desafiam as expectativas e transformam completamente a experiência do jogador. São momentos que ficam gravados na memória, quando tudo o que você acreditava sobre aquele universo se revela uma ilusão cuidadosamente construída.

Em certos casos, essas reviravoltas são tão impactantes que transformam personagens queridos em vilões, revelam verdades ocultas ou acabam com a vida de protagonistas sem qualquer aviso. São momentos que provocam discussões acaloradas entre fãs e, muitas vezes, definem o legado cultural de um título.

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Preparamos uma lista com dez jogos que apresentam algumas das reviravoltas mais marcantes da história dos games. Os títulos estão organizados em ordem alfabética para facilitar a consulta. E fique tranquilo: aqui os spoilers são bem-vindos, pois o objetivo é justamente desvendar esses momentos surpreendentes que mudaram para sempre nossa percepção sobre essas obras. Então, se você ainda não jogou um dos títulos mencionados, não leia o tópico e pule para o seguinte.

BioShock

BioShock Remastered

BioShock se estabeleceu como um dos jogos mais influentes de todos os tempos, não apenas pela sua ambientação em Rapture, mas principalmente por sua narrativa que questiona a própria natureza do livre-arbítrio nos videogames. A reviravolta central do jogo se constrói em torno de uma simples frase: “Would you kindly?” (“Você poderia, por gentileza?”).

Ao longo de toda a jornada, Atlas, seu aparente aliado, utiliza esta expressão antes de cada instrução dada ao jogador. O que parece apenas uma gentileza britânica revela-se, na verdade, um gatilho de controle mental implantado no protagonista Jack. A descoberta de que cada ação sua foi apenas uma resposta programada a este comando representa uma crítica à própria estrutura linear dos jogos.

Mais chocante ainda é a revelação de que Atlas, na verdade, é Frank Fontaine – o verdadeiro antagonista manipulando o jogador para seus próprios fins. Esta reviravolta não apenas surpreende pela sua execução narrativa, mas também quebra a quarta parede ao questionar a ilusão de escolha que os jogos oferecem.

Dead Space

Dead Space

Dead Space trouxe uma atmosfera claustrofóbica e aterrorizante para os jogadores, que acompanham Isaac Clarke em sua missão aparentemente simples: resgatar sua namorada Nicole, que envia mensagens pedindo ajuda da nave USG Ishimura. A comunicação constante com Nicole durante a jornada dá ao jogador uma sensação de propósito e esperança em meio ao terror.

A verdadeira genialidade da reviravolta, entretanto, está escondida desde o início nas primeiras letras de cada capítulo do jogo. Juntando-as, forma-se a frase “Nicole is dead” (“Nicole está morta”). Todas as interações com ela ao longo da aventura não passavam de alucinações causadas pelo artefato alienígena, Ther Market, manipulando a mente fragilizada de Isaac.

Esta revelação transforma retroativamente toda a experiência de jogo, fazendo com que o jogador questione cada momento que viveu. O que parecia ser uma história de resgate se revela um estudo sobre luto, negação e manipulação psicológica, elevando Dead Space a um novo patamar narrativo entre os jogos de terror.

Dragon Age Inquisition

 Dragon Age: Inquisition

Em Dragon Age Inquisition, os jogadores passam dezenas de horas construindo uma relação de confiança com Solas, um elfo misterioso que se torna conselheiro e amigo próximo do protagonista. Sua sabedoria sobre o Véu (a barreira entre o mundo físico e espiritual) e seu conhecimento arcano o tornam indispensável na luta contra as forças que ameaçam Thedas.

A grande reviravolta, revelada na DLC Trespasser, mostra que Solas é na verdade Fen’Harel, o Lobo Terrível da mitologia élfica – um antigo deus elfo. Mais chocante ainda é descobrir que ele foi responsável por criar o Véu há milênios, separando o mundo da magia e causando a queda da civilização élfica.

Durante todo o jogo base, Solas manipulou os eventos para recuperar um artefato que ele mesmo criou, usando o protagonista e a Inquisição como peões em seu plano maior. Esta revelação não apenas transforma a compreensão da história, mas também estabelece as bases para o conflito central de futuros jogos da série, colocando o antigo aliado como o principal antagonista.

Final Fantasy VII

FINAL FANTASY VII

Final Fantasy VII revolucionou os RPGs japoneses não apenas por sua produção visual impressionante para a época, mas também por uma decisão narrativa ousada que desafiou as convenções do gênero. Aerith Gainsborough rapidamente conquista o coração dos jogadores como uma personagem carismática, gentil e fundamental para a trama.

Em um momento que se tornou icônico na história dos videogames, durante uma sequência de oração no Templo dos Ancients, Sephiroth desce do alto e atravessa Aerith com sua espada Masamune, matando-a instantaneamente sob os olhos impotentes do jogador. Esta morte ocorre aproximadamente na metade do jogo, quando normalmente personagens principais são protegidos por uma “armadura de roteiro”.

A reviravolta abalou jogadores acostumados com RPGs onde heróis são praticamente invulneráveis narrativamente. Mais impactante ainda é que, contrariando expectativas, Aerith nunca é ressuscitada – uma quebra radical com a tradição do gênero. Esta decisão narrativa estabeleceu um novo padrão para storytelling em games, demonstrando que até mesmo personagens amados não estavam seguros nas histórias interativas.

God of War

God of War

Após devastar o panteão grego em uma saga de vingança, God of War (2018) apresentou um Kratos mais maduro e contido, agora vivendo nas terras nórdicas com seu filho Atreus. O jogo constrói uma narrativa aparentemente simples: pai e filho embarcam em uma jornada para espalhar as cinzas da mãe falecida no pico mais alto dos Nove Reinos.

A reviravolta vem durante os momentos finais da história, quando se revela que Atreus foi chamado de “Loki” por sua mãe, Faye (ou Laufey). Isso estabelece que o garoto é, na verdade, o infame Deus da Trapaça da mitologia nórdica – figura central no apocalipse conhecido como Ragnarök.

Esta revelação não apenas recontextualiza toda a jornada, mas também estabelece Atreus/Loki como uma figura pivotal para o futuro da série. O fato de Kratos, destruidor dos deuses gregos, ter inadvertidamente gerado uma das divindades mais importantes da mitologia nórdica cria uma camada adicional de complexidade narrativa e estabelece as bases para os conflitos da sequência.

Horizon Zero Dawn

Análise técnica a Horizon Zero Dawn Remastered: sim, as atualizações valem a pena | Eurogamer.pt

Em um mundo pós-apocalíptico onde tribos primitivas coexistem com máquinas sofisticadas semelhantes a animais, Horizon Zero Dawn apresenta Aloy, uma jovem determinada a descobrir sua origem e o mistério de um mundo aparentemente contraditório. O que parece ser uma simples jornada de autodescoberta gradualmente se transforma em algo muito maior.

A reviravolta central do jogo revela que Aloy é, na verdade, um clone genético de Elisabet Sobeck, uma cientista brilhante que viveu mil anos antes. O próprio nome “Zero Dawn” se refere a um projeto desesperado para recriar toda a vida na Terra após uma catástrofe causada por robôs autorreplicantes que consumiram toda a biosfera.

Mais surpreendente ainda é descobrir que o mundo “primitivo” atual foi meticulosamente planejado: as máquinas que parecem ameaçadoras têm, na verdade, a função de terraformar e manter o planeta habitável. Esta revelação transforma completamente a compreensão do jogador sobre o universo do jogo, conectando de forma elegante o passado tecnológico com o presente tribal, e posicionando Aloy como a chave para preservar este frágil ecossistema.

Life is Strange

Life is Strange

Life is Strange constrói sua narrativa em torno de Max Caulfield, uma estudante que desenvolve a habilidade de voltar no tempo, e sua amiga de infância Chloe Price. Juntas, elas investigam o desaparecimento de Rachel Amber e outros estudantes da Academia Blackwell, enquanto lidam com os dilemas morais dos poderes de Max.

A suspeita inicial recai sobre Nathan Prescott, um aluno problemático de família influente. No entanto, a verdadeira reviravolta chega quando se descobre que Mark Jefferson, o carismático professor de fotografia admirado por todos, é na verdade um psicopata que sequestra, droga e fotografa garotas em um bunker secreto para capturar o momento da “perda da inocência”.

Esta reviravolta funciona tão bem porque Jefferson é estabelecido desde o início como uma figura de autoridade confiável, até mesmo inspiradora para Max. Sua transformação de mentor para monstro representa uma violação profunda da confiança não apenas das personagens, mas também do jogador, que provavelmente compartilhava a admiração de Max pelo professor.

Red Dead Redemption

Red Dead Redemption

Red Dead Redemption conta a história de John Marston, um ex-fora da lei forçado pelo governo a caçar seus antigos companheiros de gangue em troca da liberdade de sua família. Após cumprir sua parte no acordo, John finalmente retorna para sua esposa Abigail e seu filho Jack, estabelecendo-se como fazendeiro e buscando uma vida honesta.

A reviravolta devastadora ocorre quando, após o jogador acreditar que a história terminou com um final feliz, agentes federais liderados pelo Agente Ross cercam a fazenda dos Marston. No confronto final, John sacrifica-se para permitir que sua família escape, sendo brutalmente executado por dezenas de agentes em uma cena que se tornou icônica.

O impacto desta reviravolta é ampliado pela transferência de controle para Jack Marston, anos depois, permitindo que o jogador busque vingança contra Ross. Esta estrutura narrativa cíclica demonstra a impossibilidade de escapar do passado violento e estabelece Red Dead Redemption como uma das narrativas mais maduras e emocionalmente impactantes dos jogos digitais.

Shadow of the Colossus

Shadow of the Colossus

Shadow of the Colossus apresenta uma premissa aparentemente simples e nobre: Wander busca ressuscitar sua amada Mono, e para isso deve derrotar 16 colossos gigantescos seguindo as instruções da entidade conhecida como Dormin. A estrutura minimalista do jogo e a ausência de inimigos convencionais reforçam a ideia de uma jornada heroica.

A reviravolta vem com a revelação de que os colossos que Wander destrói são, na verdade, prisões que mantêm seladas partes de Dormin, uma entidade maligna. Cada vitória libera mais um fragmento desta entidade, que gradualmente corrompe o protagonista. Após derrotar o último colosso, Dormin possui completamente o corpo de Wander para renascer no mundo.

Esta subversão transforma retroativamente cada batalha épica contra os colossos – momentos que deveriam ser triunfantes – em atos de destruição e corrupção. O jogador descobre que, em sua obsessão por ressuscitar Mono, Wander tornou-se o vilão da história, manipulado por Dormin desde o início. Esta inversão de expectativas eleva Shadow of the Colossus a uma obra-prima da narrativa nos jogos, questionando os tropos tradicionais do herói e sua jornada.

The Last of Us Part II

The Last of Us Part II

The Last of Us cativou jogadores com a relação profunda entre Joel e Ellie, construída ao longo de uma jornada através dos Estados Unidos pós-apocalípticos. A sequência prometia expandir esta conexão emocional, com os fãs ansiosos para acompanhar o próximo capítulo desta relação pai-filha.

A reviravolta chocante ocorre logo nas primeiras horas do jogo, quando Abby, uma nova personagem, brutalmente assassina Joel com um taco de golfe, enquanto Ellie é forçada a assistir impotente. Esta morte súbita e violenta de um protagonista tão amado subverteu todas as expectativas narrativas tradicionais.

O impacto desta reviravolta é amplificado mais tarde quando o jogo força o jogador a controlar Abby por metade da experiência, apresentando sua perspectiva e motivações. Esta decisão controversa de humanizar a assassina de Joel dividiu os fãs, mas estabeleceu The Last of Us Part II como uma narrativa corajosa que desafia convenções e conforto emocional do público.

Qual desses momentos mais impactou você como jogador? Existe alguma outra reviravolta memorável que ficou de fora da nossa lista? Compartilhe sua experiência nos comentários e conte-nos como esses momentos transformaram sua visão sobre o potencial narrativo dos videogames.

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