
Provedora de internet no Ceará encerra atividades após ataques de facção criminosa
Provedora de internet no Ceará encerra atividades após ataques de facção criminosa
A GPX Telecom, provedora de internet sediada em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza (CE), anunciou o encerramento de suas atividades após sofrer ataques de uma facção criminosa. A empresa, que operava desde 2016 oferecendo planos de internet 100% fibra óptica, revelou que teve toda a sua estrutura destruída em menos de 20 minutos durante um dos ataques.
O comunicado oficial da GPX foi publicado nas redes sociais da empresa:
“Esse triste episódio evidencia a fragilidade da segurança em que vivemos hoje. Anos de trabalho e dedicação foram destruídos em questão de minutos.” A empresa também afirmou esperar por justiça diante da onda de violência contra provedores no estado.
Facções controlam o acesso à internet em áreas dominadas
Membros do Comando Vermelho (CV) atacam empresa de internet e TV a cabo no Ceará. pic.twitter.com/5usfuibDdz
— République (@republiqueBRA) March 15, 2025
O caso da GPX Telecom expõe uma situação preocupante no Ceará: provedores de internet estão na mira de facções criminosas, que cobram “taxas de proteção” para permitir a operação nas áreas que controlam. Quem se recusa a pagar se torna alvo de retaliações violentas.
Desde fevereiro, foram registrados ao menos oito ataques contra empresas do setor, incluindo o corte de cabos de fibra óptica e incêndios em veículos e sedes administrativas. O resultado: milhares de clientes ficaram sem internet em cidades como Fortaleza, Caucaia, Caridade e São Gonçalo do Amarante.
Segundo investigações, os ataques estariam sendo coordenados por integrantes do Comando Vermelho. Há indícios de que o crime organizado também administra provedores clandestinos em regiões dominadas, impedindo o acesso da população a serviços legalizados.
Levantamento aponta que cerca de 400 mil pessoas vivem em áreas sob o controle de facções na Grande Fortaleza — e dependem exclusivamente dessas redes ilegais para se conectar.
Outras operadoras também foram alvo de ataques
COMANDO VERMELHO(CV) VOLTA A ATACAR PROVEDORES DE INTERNET NO #CEARÁ! CV DESTRUIU LOJA DA EMPRESA GIGA+, UM DOS MAIORES PROVEDORES DO ESTADO, NO PARQUE SOLEDADE, NA CAUCAIA.
CV tocou fogo na loja da Giga+ provocando prejuízo total. Retaliação porque CV quer 60% de cada… pic.twitter.com/FqNWIya3nA—
B.O.K.A.G.E
(@MBokage) March 17, 2025
Além da GPX Telecom, empresas como Brisanet, Planeta Net, A4 Telecom, ACNet e Giga+ Fibra também sofreram investidas criminosas. Na cidade de Caridade, 90% dos moradores ficaram sem internet, afetando o acesso a serviços básicos e a comunicação digital.
Governo do Ceará anuncia força-tarefa e prisões
Diante da gravidade da situação, o governo estadual criou um grupo especial de investigação para combater os ataques. A Operação Strike já prendeu 27 suspeitos e apreendeu veículos, celulares e armas usados nos crimes.
Mesmo assim, o cenário ainda preocupa. As autoridades seguem investigando o avanço do crime organizado sobre o setor de tecnologia e conectividade — um reflexo direto de como o controle da internet também virou alvo das facções.
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