Intel adia inauguração de sua fábrica de chips em Ohio para 2030

A Intel anunciou mais um adiamento na inauguração de sua fábrica de chips em Ohio, um projeto avaliado em US$ 28 bilhões. De acordo com uma atualização divulgada ontem (28), o vice-presidente executivo da Intel, Naga Chandrasekaran, revelou que a primeira unidade da nova planta industrial só deve entrar em operação entre 2030 e 2031, um grande atraso em relação ao cronograma inicial, que previa o início da produção para 2025.

A segunda unidade de fabricação também teve sua previsão de abertura alterada e agora só deve ser concluída em 2032. “Estamos adotando uma abordagem prudente para garantir que concluímos o projeto de maneira financeiramente responsável”, explicou Chandrasekaran. “Continuaremos a construção em um ritmo mais lento, mantendo a flexibilidade para acelerar os trabalhos e o início das operações conforme a demanda do mercado exigir.”

O que esperar do campus de Ohio?

O complexo industrial da Intel em Ohio será construído em uma área de aproximadamente 1.000 acres (4 km²) e poderá acomodar até oito fábricas de semicondutores. A Intel estima que a expansão total do projeto possa demandar um investimento de até US$ 100 bilhões, sendo que o primeiro ciclo de investimentos está avaliado em US$ 28 bilhões.

Com a revisão do cronograma, é esperado que as novas fábricas adotem tecnologias de processo que serão desenvolvidas após os nós 14A e 14A-E, previstos para serem introduzidos entre 2026 e 2027. Essas inovações contarão com equipamentos avançados, como as máquinas Twinscan EXE:5200 de alta abertura numérica (High-NA EUV), da ASML, cada uma custando aproximadamente US$ 350 milhões.

Construção avança, mas em ritmo mais lento

A Intel iniciou as obras do complexo em 2022 e, apesar dos atrasos, o projeto avançou significativamente. Recentemente, a empresa completou a fundação subterrânea e iniciou a construção das estruturas superiores. Segundo a Intel, mais de 6,4 milhões de horas de trabalho já foram investidas, cobrindo instalações essenciais como tubulações subterrâneas, 200 mil jardas cúbicas de concreto e sistemas de utilidades subterrâneas (SUTs). Escritórios também estão começando a tomar forma.

Um aspecto interessante é que, mesmo com o cronograma revisado, a Intel já iniciou a contratação de funcionários para a unidade de Ohio. Parte desses profissionais está sendo treinada em fábricas da empresa no Arizona, Novo México e Oregon, preparando-se para a instalação de equipamentos e operações futuras.

Ano difícil para a Intel

Os atrasos no projeto de Ohio refletem um período turbulento para a Intel. Em 2024 a empresa enfrentou cortes massivos de pessoal, prejuízos financeiros significativos e até mesmo a substituição de seu CEO, Pat Gelsinger. No mês passado, a companhia também anunciou o cancelamento de um de seus chips de inteligência artificial, justificando a decisão como parte de um esforço para “simplificar” seu roadmap e concentrar recursos em outras áreas.

Com o futuro das fábricas de Ohio incerto e o mercado de semicondutores cada vez mais competitivo, a Intel precisará equilibrar suas estratégias para garantir que seus investimentos continuem a impulsionar seu crescimento no setor.