
Filme estilo Stranger Things usa IA para transformar a dublagem no cinema e gera polêmica
Filme estilo Stranger Things usa IA para transformar a dublagem no cinema e gera polêmica
Se você é fã de Stranger Things, temos uma boa notícia para segurar a ansiedade. Enquanto os irmãos Duffer preparam o gran finale da saga de Hawkins, um novo filme sci-fi chamado Watch the Skies está chegando, e ele tem tudo para conquistar quem ama a mistura de mistério, amizade e um toque de outro mundo que faz a série da Netflix tão especial.
Mas não é só a história que chama atenção: por trás das câmeras, Watch the Skies está usando inteligência artificial de um jeito inovador, mudando como a dublagem é feita no cinema. E, olha, nem todo mundo está feliz com isso.
Uma aventura com alma de Hawkins
Logo de cara, Watch the Skies fisga com uma premissa que poderia facilmente se encaixar no universo de Eleven e cia. A protagonista, Denise (vivida por Inez Dahl Torhaug), é uma adolescente rebelde que não se sente “normal”, e com razão. Ela acredita que seu pai não simplesmente desapareceu, mas foi abduzido por alienígenas. Determinada a descobrir a verdade, Denise se junta a um grupo de desajustados apaixonados por OVNIs, formando uma família improvável enquanto enfrenta um mundo que não acredita nela.
Parece familiar? Pois é. Assim como em Stranger Things, o filme traz personagens cativantes que não se encaixam nos moldes, mas encontram força uns nos outros. Nada de aliens sanguinários estilo Godzilla ou Alien aqui, o foco está na jornada pessoal de Denise, na busca por respostas sobre o pai e, de quebra, sobre si mesma.
É o tipo de história que mistura suspense, humor e emoção, com aquele tom esperançoso que fãs de Max, Dustin e do resto da turma de Hawkins adoram. Não à toa, o produtor Albin Pettersson cita Stranger Things como uma das inspirações, ao lado de clássicos como E.T. e Super 8.
IA que dá vida à dublagem
Mas o que realmente torna Watch the Skies único é o que acontece fora da tela. Originalmente filmado em sueco, o longa ganhou uma versão em inglês com uma tecnologia que está deixando todo mundo de queixo caído.
A empresa Flawless usou IA para criar o que chamam de “visual dubbing” (dublagem visual), sincronizando os movimentos da boca dos atores com o novo áudio em inglês. Isso significa que, ao assistir, você nem percebe que o filme não foi feito em inglês desde o começo. Esqueça legendas ou aquele efeito esquisito de dublagem antiga: aqui, a ideia é que flua naturalmente.
No vídeo promocional dos bastidores, Albin Pettersson explica o porquê dessa escolha: “O sueco é uma barreira para alcançar o mundo. A Flawless nos procurou para criar uma nova versão em inglês, mas não uma dublagem tradicional”. O resultado? Uma experiência mais imersiva para quem vai ao cinema, sem perder a essência da atuação original. E o melhor: tudo foi feito respeitando as regras da SAG-AFTRA, o sindicato dos atores, garantindo que a tecnologia seja uma aliada, não uma substituta.
Por que isso é um marco?
Pense em como os efeitos visuais transformaram o sci-fi, de naves espaciais rudimentares a mundos inteiros criados digitalmente. Agora, a IA está entrando nesse jogo, e Watch the Skies é o primeiro longa-metragem a usar essa técnica de dublagem visual em grande escala.
É como se a tecnologia estivesse dando um superpoder aos cineastas, permitindo que histórias de qualquer canto do planeta cheguem a públicos globais sem perder a autenticidade. Para um filme sueco como este, inspirado em um documentário sobre OVNIs chamado Ghost Rockets, isso é um salto enorme.
A polêmica: IA e dublagem no centro do debate
Nem tudo são flores, porém. A notícia da dublagem com IA gerou um burburinho, e não só de empolgação. Na internet, o assunto virou alvo de críticas ferozes. Muitos usuários estão reclamando que esse tipo de tecnologia vai acabar com o prazer de ver filmes estrangeiros, principalmente para pessoas que já não são fãs de dublagem.
Atualmente, a maioria das pessoas preferem assistir a conteúdos dublados, o que acaba se tornando um problema de acessibilidade para quem precisa ou prefere assistir filmes e séries em seus áudios originais. Alguns usuários também revelaram temor de que esse tipo de uso pareça declarar que inglês é uma língua superior. Embora nesse caso, se a tecnologia avançar, ela poderá ser feita para qualquer idioma.
Já para outros, existe um grande potencial nesse método. A preferência por conteúdo dublado existe, não dá para negar, e se esse tipo de tecnologia fará com que mais pessoas tenham interesse e disposição para assistir longas de outros países, é uma forma de incentivo. Por isso, muitos argumentam que, se a técnica envolve os atores originais e ajuda filmes menores a alcançarem mais gente, pode ser uma oportunidade, desde que não vire a única opção.
O debate reflete uma tensão maior: até onde a IA pode ir sem cruzar a linha entre inovação e perda de identidade? Para os puristas, dublagem – mesmo bem-feita – é um sacrilégio; para outros, é uma ponte para democratizar o cinema.
Watch the Skies acabou virando o estopim dessa conversa, e o resultado nas bilheterias pode ditar o futuro dessa tecnologia. O filme vai estrear no dia 9 de maio, porém sem confirmação ainda aqui no Brasil.
De qualquer forma, a nova redublagem por IA terá efeitos práticos principalmente nos países onde o inglês é a língua principal, mas quem sabe em breve essa tecnologia não se estenda para outros idioma?
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