
A inteligência artificial pode estar tornando você menos inteligente, indica pesquisadora
A inteligência artificial pode estar tornando você menos inteligente, indica pesquisadora
Em entrevista ao jornal La Vanguardia, a pesquisadora em IA Patricia Ventura afirmou que o uso excessivo de ferramentas de IA, com o ChatGPT, pode reduzir nossa capacidade de articular ideias, resolver problemas e tomar decisões de forma autônoma. “Estamos usando IA para estruturar nosso pensamento, e isso é perigoso porque reduz nossa capacidade de agir”, alertou.
O risco de uma mente preguiçosa
A inteligência artificial oferece produtividade e eficiência, mas também pode nos tornar mentalmente preguiçosos. Estudos indicam que quando delegamos demais para a tecnologia, nossos cérebros perdem o hábito de enfrentar desafios e buscar soluções. Como resultado, corremos o risco de enfraquecer habilidades cognitivas essenciais, como criatividade, pensamento crítico e resolução de problemas.
“Uma questão que me preocupa é que estamos usando inteligência artificial generativa para articular nossos próprios pensamentos, para colocar as coisas em palavras: pedimos que ela nos escreva uma carta, um e-mail, um relatório, uma apresentação… E acho que isso talvez nos distancie de nossos próprios pensamentos e possa afetar nossa compreensão do mundo e nossa capacidade de ação. A mediação de algoritmos faz com que haja tanta informação e nos entretenhamos tanto com vídeos, milhares de notificações e notícias vindas de todos os lados que não nos é permitido agir como comunidades para melhorar os maiores problemas do mundo, quando esse é o valor da informação.”, afirmou a pesquisadora

Um exemplo claro disso é o uso da IA para escrever textos. Cada vez mais pessoas recorrem ao ChatGPT e outras ferramentas para redigir e-mails, relatórios e até trabalhos acadêmicos. O problema surge quando esses mesmos usuários precisam produzir algo sem o auxílio da tecnologia e encontram dificuldades para organizar ideias e estruturar argumentos.
O que dizem os estudos?
Diversas pesquisas já apontam os efeitos negativos do uso excessivo da inteligência artificial. Um estudo da Universidade de Harvard revelou que pessoas que dependem excessivamente de sistemas de navegação, como GPS, desenvolvem menor capacidade de orientação espacial. O mesmo princípio pode se aplicar ao uso da IA para tarefas intelectuais: quanto mais delegamos para a máquina, menos exercitamos nossas próprias habilidades cognitivas.
Já um estudo da Universidade de Stanford indicou que o uso frequente de IA no ambiente de trabalho pode levar à chamada “perda de agência”, ou seja, uma sensação de incapacidade de tomar decisões por conta própria, resultando em uma maior dependência da tecnologia.
Sobre o polêmico ponto da IA tomando o emprego de humanos nas mais variadas áreas, Patricia afirma que já existem empregos em que certas tarefas podem ser substituídas pela IA e isso está sendo feito porque há uma pressão prejudicial por produtividade, por eficiência e por simplificação de processos, mas que é importante a auditoria humana, uma pessoa responsável por tomada de decisões automatizadas.
“Isso significa entender que uma máquina não pode assumir responsabilidade, que sempre deve haver uma auditoria humana, uma pessoa ou instituição que responde e é responsável por qualquer decisão automatizada ou qualquer produto de uma máquina. E isso também exige romper com a narrativa de que as máquinas têm autonomia e uma espécie de vida artificial: há sempre uma pessoa por trás delas”.
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