
Quem lançou o primeiro celular dobrável? Não foi a Samsung — e o desastre ajudou a indústria a evoluir
Hoje, a Samsung apresentou ao mundo três novos smartphones dobráveis: Galaxy Z Fold 7 e a dupla Galaxy Z Flip 7 e o Z Flip 7 FE — modelo que vem para ser a primeira aposta da empresa em termos de dobráveis “custo-benefício”.
Atualmente, a Samsung lidera o segmento dos dobráveis, com uma quota de mercado de 33%, mas você sabia que as primeiras tentativas em relação a um celular dóbravel vieram de outras marcas? E que quase deu tudo errado? Siga comigo e confira essa história pelos primórdios dos celulares dobráveis.
O sonho começou em um Museu de Arte
Antes de qualquer produto comercial, a visão dos dispositivos flexíveis nasceu em um lugar inusitado: o Museu de Arte Moderna de Nova York. Era fevereiro de 2008 quando a Nokia apresentou o conceito Nokia Morph, desenvolvido em parceria com a Universidade de Cambridge.
Mais do que um aparelho, o Morph era uma visão futurista. Um dispositivo moldável, com eletrônicos transparentes, painéis solares e superfícies autolimpantes. Ele podia se transformar em tablet, celular ou até em pulseira. Mas havia um detalhe: ele não existia de verdade.
O Morph não era um protótipo funcional, mas uma provocação artística sobre o futuro da tecnologia.
A Corrida Silenciosa dos Laboratórios

Enquanto a Nokia sonhava com nanotecnologia, pesquisadores davam passos concretos. Em 2011, a Queen’s University apresentou o PaperPhone, um protótipo funcional com tela e-ink flexível de 9,5 centímetros.
No mesmo ano, a Samsung revelou, durante a CES, seu primeiro display flexível experimental. O movimento desencadeou uma “guerra fria” tecnológica. Samsung, Huawei, LG e Motorola começaram a registrar centenas de patentes para formatos imagináveis: dobráveis, roláveis, extensíveis.
Royole FlexPai: o primeiro dobrável real (e um desastre monumental)
Em 31 de outubro de 2018, quando o mundo esperava que Samsung ou Huawei lançassem o primeiro dobrável, uma startup relativamente desconhecida mudou a história. A Royole Corporation anunciou o FlexPai — e começou a entregar unidades em dezembro daquele ano.
O FlexPai trazia uma tela AMOLED de 7,8″ que se dobrava para fora, com um sistema baseado no Android 9 personalizado.Em nota, a Royole Corporation afirmava que o smartphone dobrável Royole FlexPai oferece aos usuários de celulares uma experiência revolucionária e diferente em comparação com os telefones tradicionais
Apesar do feito técnico, o aparelho foi massacrado pela crítica.
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Interface bugada e transições falhas entre modos tablet e celular
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Software instável, travamentos constantes e usabilidade precária
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Design desajeitado, com 15,5 mm de espessura e peso de 320 g
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Dobradiça grosseira, com vão visível e difícil manuseio
O FlexPai provou que um celular dobrável era tecnicamente possível, mas falhou em mostrar que era prático. Ironicamente, esse “sacrifício do pioneirismo” foi fundamental: a Royole absorveu todo o impacto negativo de uma tecnologia imatura, fornecendo um roteiro detalhado de “o que não fazer” para seus concorrentes.
O colapso público da Samsung
Se a Royole mostrou como um dobrável poderia falhar em software, a Samsung deu uma aula sobre como ele poderia falhar espetacularmente em hardware. O lançamento inicial do Galaxy Fold em 2019 se tornou o evento mais importante da história da categoria.
Anunciado com pompa em fevereiro daquele ano, o Galaxy Fold era o verdadeiro dobrável de uma grande marca. Mas quando jornalistas colocaram as mãos nas primeiras unidades de review, o caos começou.
Os dois erros fatais:
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Película removível (mas essencial): muitos achavam que era apenas uma película protetora comum — e arrancaram. Resultado: tela inutilizada.
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Dobradiça vulnerável: partículas podiam entrar na dobra e danificar a tela de dentro para fora.
A Samsung recolheu as unidades e reconheceu que o dispositivo precisava de melhorias. “Tomaremos medidas para reforçar a proteção da tela. Também melhoraremos as instruções de uso, incluindo esclarecimentos sobre a camada protetora da tela, para garantir que os consumidores a utilizem da forma correta”, destacou a empresa em nota publicada abril de 2019.
O fracasso como ponto de virada
Poucos meses depois, em setembro de 2019, a Samsung relançou o Galaxy Fold com:
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Camada protetora embutida sob a moldura
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Vedação aprimorada nas dobradiças
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Reforços estruturais internos
E a linha seguiu sendo refinada em lançamentos posteriores, como o Z Fold 2, de 2020, que implementou a dobradiça Hideaway ou até mesmo o Z Fold 6, do ano passado, primeiro dobrável com proteção IP48 (água e poeira). Já o novíssimo Z Fold 7 ostenta o título de dobrável mais leve da sua categoria até o momento, pesando 215 gramas (só para efeito de comparação, o primeiro Z Fold pesava 276 gramas).
Já temos até mesmo no mercado apostas em três dobras, caso do inovador Mate XT Ultimate da chinesa Huawei. O aparelho chegou em junho ao Brasil por assustadores R$ R$ 32.999.
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