O iPhone vai ficar mais caro no Brasil se aumentar nos EUA? Entenda o impacto das tarifas de Trump

O iPhone vai ficar mais caro no Brasil se aumentar nos EUA? Entenda o impacto das tarifas de Trump

Se você está pensando em comprar um iPhone novo, talvez tenha ouvido falar das novas tarifas anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que entram em vigor em 1º de agosto de 2025. Essas taxas, que afetam desde o Apple Watch até o Mac Studio, podem encarecer os produtos da Apple nos Estados Unidos, o maior mercado da empresa.

Mas e aqui no Brasil? Será que um aumento nos EUA vai fazer o preço do iPhone disparar por aqui também? Vamos desenrolar essa história, entender como as tarifas funcionam e o que isso significa para o seu bolso.

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O que são as tarifas de Trump e por que elas importam?

tarifas de Trump

Donald Trump anunciou uma série de tarifas sobre produtos importados de 14 países sem acordos comerciais com os EUA, como Japão (25%), Coreia do Sul (25%), Malásia (25%), Tailândia (36%) e até Laos e Mianmar (40%). A ideia é pressionar esses países a negociarem acordos mais favoráveis aos EUA, mas o impacto imediato é no custo de importação. Para a Apple, isso é um problemão, já que ela depende de fornecedores globais: o Japão produz pulseiras do Apple Watch, a Tailândia fabrica o Mac Pro e o Apple Watch, e a Malásia é responsável por quase toda a produção do Mac Studio.

Essas tarifas, que começam em agosto, podem aumentar os custos da Apple em cerca de US$ 900 milhões só no trimestre atual, segundo estimativas da própria empresa. E, embora os iPhones sejam fabricados principalmente na China e no Vietnã (que têm acordos com os EUA, mas ainda enfrentam tarifas altas), o impacto indireto pode alcançar outros mercados, incluindo o Brasil. Afinal, a Apple opera em um mercado global, e mudanças nos EUA podem reverberar por aqui.

Por que os preços nos EUA afetariam o Brasil?

Lojas da Apple

Você pode estar se perguntando: “Se as tarifas são nos EUA, por que o iPhone ficaria mais caro no Brasil?” A resposta está na estratégia global de preços da Apple. A empresa gosta de manter os preços dos seus produtos relativamente consistentes em diferentes países (levando em conta impostos e câmbio). Isso evita um problema chamado arbitragem, quando consumidores compram em mercados mais baratos para revender em mercados mais caros. Por exemplo, se o iPhone 16 Pro Max subir de US$ 1.599 para US$ 2.000 nos EUA por causa das tarifas, mas continuar custando o equivalente a R$ 10.000 no Brasil, pessoas poderiam comprar aqui e revender lá, bagunçando o mercado.

(Embora isso já aconteça ao contrário, visto que mesmo com conversão, o iPhone ainda pode sair muito mais barato comprado nos EUA ou na Europa do que aqui no Brasil)

Para evitar isso, a Apple pode decidir aumentar os preços globalmente, incluindo no Brasil, se os custos nos EUA subirem muito. Um analista do Bank of America, citado pela BBC, sugeriu que a Apple pode adotar essa estratégia para manter a uniformidade. No passado, quando tarifas foram impostas na China em 2018, a Apple ajustou preços em vários mercados, e algo semelhante pode acontecer agora.

Como funciona a produção de iPhones no Brasil?

Fábrica da Foxconn em Jundiaí

O Brasil já tem um papel na produção de iPhones. A Apple fabrica alguns dos seus iPhones em uma fábrica da Foxconn em São Paulo. Recentemente, a empresa anunciou planos para expandir essa produção, visando exportar iPhones para os EUA com uma tarifa reduzida de 10% (bem menor que os 55% da China ou 36% da Tailândia). Isso pode ajudar a Apple a driblar algumas tarifas, mas não significa preços mais baixos por aqui.

Na verdade, iPhones fabricados no Brasil historicamente são mais caros que os importados da China. Em 2015, segundo a Reuters, modelos produzidos localmente custavam até o dobro devido aos altos custos de mão de obra, logística e componentes importados, que ainda enfrentam impostos como IPI e ICMS. Então, mesmo com a produção local, um aumento nos custos globais da Apple poderia ser repassado aos consumidores brasileiros.

O papel do câmbio e dos impostos brasileiros

impostos brasileiros

Além das tarifas nos EUA, outros fatores pesam nos preços dos iPhones no Brasil. O câmbio é um deles: com o real desvalorizado frente ao dólar (especialmente com as tensões comerciais, que fortalecem o dólar, segundo o The Guardian), qualquer aumento nos custos globais da Apple pode ser amplificado por aqui. Por exemplo, se o dólar subir ainda mais, o preço de componentes importados para a fábrica brasileira também aumenta.

Os impostos brasileiros são outro obstáculo. Um iPhone no Brasil já carrega uma carga tributária pesada, com Imposto de Importação, IPI, PIS/COFINS e ICMS, fazendo com que o preço final seja duas a três vezes maior que nos EUA. Por exemplo, um iPhone 16 Pro Max que custa US$ 1.599 nos EUA (cerca de R$ 8.800 em conversão direta) pode chegar a R$ 10.000 ou mais no Brasil por causa desses impostos. Um aumento nos EUA, mesmo pequeno, poderia ser ainda mais sentido aqui devido a essa matemática.

O que a Apple pode fazer?

A Apple não está de mãos atadas. A empresa já vem diversificando sua cadeia de suprimentos para reduzir a dependência de países com tarifas altas. Além da produção no Brasil, ela está expandindo fábricas na Índia e no Vietnã. Há rumores de que, até 2026, a Apple pode começar a fabricar iPhones nos EUA, o que reduziria drasticamente o impacto das tarifas. No entanto, essas mudanças levam tempo e custam bilhões, e os consumidores podem sentir o impacto antes que a transição esteja completa.

Outra estratégia é absorver parte dos custos das tarifas para evitar aumentar os preços. A Apple já fez isso no passado, sacrificando margens de lucro para manter a competitividade frente a rivais como Samsung. Mas, com tarifas tão altas (como os 36% na Tailândia), isso pode ser insustentável a longo prazo. Tim Cook, CEO da Apple, já se reuniu com Trump para negociar, mas até agora não há sinais de isenções para iPhones.

O impacto no seu bolso

iPhones 14

Então, o iPhone vai ficar mais caro no Brasil? A resposta é: talvez. Se a Apple decidir repassar os custos das tarifas nos EUA, os preços no Brasil podem subir para manter a consistência global. Um aumento de 30% nos EUA, por exemplo, poderia adicionar algumas centenas de reais ao preço de um iPhone aqui, dependendo do modelo. Por outro lado, se a Apple absorver esses custos ou usar a produção local no Brasil para minimizar o impacto, os preços podem ficar estáveis – pelo menos por enquanto.

Vale lembrar que o Brasil já tem um dos iPhones mais caros do mundo. Um aumento nos EUA, combinado com o câmbio desfavorável e os impostos locais, poderia tornar modelos topo de linha, como o iPhone 16 Pro, ainda mais inacessíveis. Por outro lado, a produção local pode ajudar a Apple a manter preços competitivos no futuro, especialmente se a empresa exportar mais iPhones brasileiros para os EUA.

E agora, o que esperar?

As tarifas de Trump colocam a Apple em uma encruzilhada: aumentar os preços e arriscar perder mercado ou absorver os custos e apertar as margens de lucro. Para os consumidores brasileiros, o impacto não é direto, mas a estratégia global de preços da Apple e o câmbio podem fazer os iPhones ficarem mais caros por aqui. Fique de olho em anúncios oficiais da Apple, especialmente depois de 1º de agosto, quando as tarifas entram em vigor.

Enquanto isso, se você está planejando comprar um iPhone, pode valer a pena agir antes que possíveis aumentos cheguem às lojas. E, quem sabe, talvez aquele iPhone fabricado em São Paulo seja a chave para a Apple driblar as tarifas – mas, por enquanto, prepare o bolso, porque o futuro dos preços está tão incerto quanto uma cotação do dólar.

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