Bata palmas e controle a luz: relembre o Clapper, o gadget que virou febre dos anos 80 nos EUA

Bata palmas e controle a luz: relembre o Clapper, o gadget que virou febre dos anos 80 nos EUA

Em 1985, um dispositivo chamado The Clapper virou febre nos lares americanos. Com apenas dois aplausos, ele ligava ou desligava luzes, rádios e televisores — tudo isso sem levantar do sofá. O conceito era simples, mas a ideia de controlar a casa com as próprias palmas soava como algo saído da ficção científica.

Antecipando o fenômeno da automação residencial

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Era só ligar o Clapper na tomada, conectar uma lâmpada ou qualquer aparelho eletrônico e bater palmas. O som era captado por um microfone embutido, que acionava o mecanismo interno para ligar ou desligar o que estivesse plugado.

Embora rudimentar se comparado aos assistentes de voz atuais, o Clapper representava uma visão futurista para sua época: um controle por som, direto, sem necessidade de botões ou controles remotos.

A empresa por trás da ideia

O Clapper foi lançado pela Joseph Enterprises, empresa de San Francisco especializada em gadgets com apelo de massa e campanhas publicitárias inesquecíveis.

Seu outro grande sucesso foi o Chia Pet, um vasinho em forma de animal feito de terracota, onde sementes de chia germinavam para formar o que parecia ser “cabelos” ou “pelo verde” na figura. Após alguns dias regando, as sementes cresciam e formavam o efeito visual — com a frase “Watch it grow!” estampada como slogan.

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Series 2
Box 2
Folder 1
Watch It Grow! Chia Pet packaging

Os anúncios iam direto ao ponto: repetições exageradas, jingles grudentos e uma promessa que parecia vinda do futuro. A frase “Clap on, clap off!” se tornou uma assinatura pop tão forte quanto qualquer bordão de sitcom da época.

O gadget certo na hora certa

O Clapper começou a chamar atenção do público ainda em 1984, quando seus primeiros comerciais começaram a circular em mercados regionais dos EUA. Mas foi apenas em 1º de setembro de 1985 que o dispositivo foi lançado oficialmente em escala nacional.

Esse momento não poderia ser mais favorável: o mundo vivia uma explosão de cultura pop e tecnologia. O Macintosh da Apple fora apresentado, Tetris começava a se espalhar pelo mundo, e nomes como Michael Jackson (Thriller) e Prince (Purple Rain) dominavam as paradas.

Nesse cenário de transformação acelerada, um aparelho que prometia acender a luz com dois aplausos parecia, sim, coisa do futuro, só que vendida em qualquer loja de departamento, com jingle grudento e preço acessível.

O Clapper chegou às prateleiras custando entre US$ 20 e US$ 25, o que corresponderia hoje a algo em torno de US$ 50 a US$ 60, corrigido pela inflação.

Apesar da execução simples e de algumas falhas técnicas — como ativação acidental por sons do ambiente —, a ideia era genuinamente inovadora. O Clapper deu um primeiro passo, ainda rudimentar, rumo à automação residencial que hoje é cada vez mais comum.

Em 1987, Joseph Enterprises introduziu uma versão aprimorada, popularmente chamada de Smart Clapper. Idealizada por Carlile R. Stevens e Dale E. Reamer, essa versão trouxe:

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  • Controle de até dois aparelhos: dois aplausos para um, três para outro

  • Ajuste de sensibilidade

  • Modo “Home” e “Away”

  • Indicadores luminosos para sinalizar reconhecimento do som

O que a mídia disse sobre o Clapper?

Apesar da popularidade, o Clapper foi frequentemente alvo de críticas na mídia especializada. Jornais e programas de notícias da época questionavam sua eficiência com manchetes como: “Clap On — funciona mesmo?”

Reportagens apontavam problemas como sensibilidade excessiva ao som ambiente e limitações práticas. Já em publicações recentes, como a Mental Floss, o Clapper é citado como exemplo clássico do poder do marketing sobre a funcionalidade real — o típico “gadget por impulso”.

Mesmo assim, a Joseph Enterprises vendeu milhões de unidades ao longo dos anos 80 e 90, e o Clapper permaneceu em catálogo por décadas.

Em 2018, Joseph Pedott vendeu a empresa para a National Entertainment Collectibles Association (NECA), que mantém o Clapper (e o Chia Pet) vivos no portfólio de gadgets nostálgicos

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